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Crítica
"Durval Discos" tem como marca tom crepuscular
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O Durval de "Durval Discos" (Canal Brasil, 14h30) parece um morto. Passa os dias
em sua loja, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, perfeitamente fiel à palavra "discos".
Essa história de CD não o
convence de jeito nenhum. Em
compensação, as pessoas que
passam de maneira distraída
por ali querem, em sua maioria,
CD.
Fiel ao anacronismo (imagino que quando o filme foi concebido não havia ainda a reabilitação do LP pelos DJs), ele é
fiel, mais que tudo, a um mundo que acaba.
A loja é como que uma versão
modesta da pirâmide de "Terra
dos Faraós": é a vida e também
o túmulo de Durval.
As locações são poucas. Os
ângulos com que trabalha Ana
Muylaert, a diretora do filme,
também: existe uma monotonia visual programada, correspondente à perspectiva existencial de Durval.
A melancolia, o tom crepuscular talvez sejam as marcas
fortes deste filme, uma estréia
que faz esperar mais da diretora Muylaert.
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