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TELEVISÃO
Crítica
"O Diário de uma Camareira" ataca extrema-direita
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quem busca certezas no cinema não deve procurá-las nos
filmes de Buñuel. Nem a luta de
classes é um parâmetro, malgrado a crença do espanhol ao
comunismo.
E nada nos serve de apoio resistente em "O Diário de uma
Camareira" (TV5, 20h30;
classificação indicativa não informada), desde o momento
em que Jeanne Moreau, a camareira, desce de um trem
para servir na casa de um rico
senhor.
Seguem-se: perversões, fetichismos, crimes hediondos, desejos desenfreados. Não é por
acaso que Jean-Claude Carrière aqui interpreta um padre: ele
será o roteirista de Buñuel nesta última fase francesa a partir
dos anos 1960 ("Diário..." é de
1964).
Se existe afirmação de liberdade, se com Buñuel assistimos
ao triunfo do desejo e do sonho
-do inconsciente, em síntese-
, o alvo deste filme imperdível é
a extrema-direita francesa, colaboracionista durante a guerra
e rainha da hipocrisia. Enfim, a
extrema-direita quase eterna.
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