São Paulo, quinta, 7 de maio de 1998

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CONTOS MÍNIMOS
No metrô vazio

HELOISA SEIXAS

Entrou no metrô e sentou-se junto à janela. Detestava metrô. O silêncio constrangido, as pessoas frente a frente, sem saber o que fazer com as mãos. Era como nos elevadores, só que pior -pois demorava mais tempo. Por isso ia na janela. Fixou os olhos na escuridão lá fora. Estava inquieta. Talvez por causa do metrô vazio. Ou talvez por culpa da jovem de preto que se sentara à sua frente. Podia sentir o olhar dela. Resistiu por um tempo, mas acabou encarando-a. E sentiu um arrepio de horror: no fundo amarelo, suas pupilas eram um traço. Tinha olhos de gato.



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