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CONTOS MÍNIMOS
No metrô
vazio
HELOISA SEIXAS
Entrou no metrô e sentou-se junto à janela. Detestava metrô. O silêncio constrangido, as pessoas frente
a frente, sem saber o que fazer com as mãos. Era como
nos elevadores, só que pior
-pois demorava mais
tempo. Por isso ia na janela.
Fixou os olhos na escuridão
lá fora. Estava inquieta.
Talvez por causa do metrô
vazio. Ou talvez por culpa
da jovem de preto que se
sentara à sua frente. Podia
sentir o olhar dela. Resistiu
por um tempo, mas acabou
encarando-a. E sentiu um
arrepio de horror: no fundo
amarelo, suas pupilas eram
um traço. Tinha olhos de
gato.
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