São Paulo, quinta, 7 de maio de 1998

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LANÇAMENTO
O grupo paulista lança hoje, no Empório Cultural, em SP, seu quinto álbum independente, "Lee Marvin"
Pin Ups sobrevive cantando em inglês

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Eliane, Zé Antonio, Alexandra e Flávio (da esq. para a dir.), do grupo Pin Ups, que lança álbum hoje, em SP


LEANDRO FORTINO
free-lance para a Folha

Sem distribuição ou divulgação de uma grande gravadora e cantando em inglês. No Brasil, é difícil uma banda sobreviver por quase dez anos assumindo essa postura. Mas o Pin Ups está aí para provar que é possível.
Está sendo lançado hoje, com show no Empório Cultural, em São Paulo, "Lee Marvin", o quinto álbum desse grupo paulistano. Mais uma vez a banda aposta no nome de um ator para seu disco, assim como no anterior, "Jodie Foster", de 95.
"Escolher um nome para um disco sempre foi problema. Por isso um ator que muita gente conhece, mas não se lembra, me pareceu uma boa saída", diz o guitarrista e produtor do álbum, Zé Antonio, 33, o único "sobrevivente" de três formações pelas quais o grupo já passou desde a fundação, em 89.
"No Pin Ups de hoje, todo mundo está a fim de continuar com o trabalho sem ter de se preocupar em deixar de ser independente e em ganhar dinheiro para sobreviver de música", afirma Zé.
A gravação do CD -que ficou pronto depois do Carnaval- aconteceu graças ao dinheiro que o Pin Ups conseguiu se apresentando no evento "Babel", no ano passado, que reuniu, além de música, teatro, dança e moda.
Segundo Zé, "por estarmos na estrada há muito tempo e por conhecermos muitas pessoas gastamos apenas R$ 3.000 na gravação do disco. Também conseguimos a mixagem de graça".
Ainda no esquema da amizade, o grupo vai rodar no show de hoje o primeiro videoclipe de "Lee Marvin". "Não temos dinheiro, mas o Rafael Lain, que também fez a capa do CD e os cartazes e convites do show, descolou uma câmera de 35mm, que vai ser usada para captar as imagens", diz.
O álbum marca a estréia da baixista Alexandra, 26, assumindo os vocais em quase todas as faixas do CD. "Cantei uma música no álbum "Jodie Foster', mas nunca pensei que assumiria o vocal. Quando o Luís -antigo vocalista- saiu, começamos a fazer testes. Mas resolvi cantar e acabamos indo atrás de um guitarrista", conta Alexandra.
O resultado foi a entrada da guitarrista Eliane, que também é vocalista do grupo Dog School. "A idéia foi do Zé. Não tivemos a intenção de colocar outra menina só por causa da moda. As mulheres parecem ter mais vontade de tocar", afirma Alexandra.
Quanto a continuar cantando e compondo em inglês, os integrantes estão decididos. "O rock dos anos 80 era cantado em português. Sou dos anos 90. As pessoas gostam do Pin Ups porque canta em inglês. Não tenho nada importante a dizer em português", afirma.
Ela completa: "O Miranda (da Excelente Discos) e o Tatola (da FM Brasil 2000) insistem em dizer que para uma banda dar certo tem de cantar em português. É nacionalismo barato. Por isso eu e outras mulheres somos obrigadas a ouvir letras nojentas e sexistas de grupos como Raimundos ou Catapulta. Vão cantar em chinês".

Show: Pin Ups Quando: hoje, às 22h Onde: Empório Cultural (r. Girassol, 323, Vila Madalena, tel. 011/870-5884) Quanto: R$ 7


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