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DANÇA
Espetáculo "Cherché, Trouvé, Perdu" estréia hoje no teatro Alfa em meio às comemorações dos 25 anos do grupo
Cisne Negro baila coreografia de Delcroix
ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O grupo de dança Cisne Negro, que neste ano comemora 25 anos
de atividades, estréia nova coreografia hoje, no teatro Alfa. Intitulada "Cherché, Trouvé, Perdu" (Procurar, Encontrar, Perder), é
uma criação do francês Patrick
Delcroix, conhecido por sua atuação como bailarino da consagrada companhia holandesa Nederlands Dans Theatre.
Além de "Cherché, Trouvé, Perdu", o elenco do Cisne Negro dança, no mesmo programa, a coreografia "Mozartíssimo", que o romeno radicado na França Gigi
Caciuleanu criou para o grupo em
1991. A reapresentação dessa segunda peça integra a proposta do
Cisne Negro de recuperar, ao longo das temporadas deste ano, as
obras mais expressivas de seu repertório.
Sem coreógrafo fixo, o Cisne
Negro construiu sua identidade a
partir do intercâmbio com diversos criadores, brasileiros ou estrangeiros. Com Delcroix, o grupo já havia trabalhado quatro
anos atrás, quando ele concebeu
"Além da Pele" para o elenco.
"Os bailarinos brasileiros são
formidáveis, entregam-se cem
por cento ao trabalho e sempre
me proporcionam grande satisfação", diz Delcroix, que se prepara,
no momento, para enfrentar uma
transição em sua carreira.
Aos 39 anos, 16 deles dedicados
à Nederlands Dans Theatre, ele
deixará de dançar na companhia
holandesa no final deste ano. Segundo Delcroix, essa mudança se
deve a razões políticas, decorrentes das reformulações que o grupo já dirigido por Jiri Kylian vem
promovendo.
Inspirado pela atual fase de vida, Delcroix evoca, em "Cherché,
Trouvé, Perdu", o fluxo de busca,
conquista, perda e recuperação
que envolve as trajetórias humanas. "Acho que é uma peça bem
mais sentimental e tocante do que
"Além da Pele". Dançada por quatro casais, essa nova coreografia
absorve da música de Arvo Pärt
boa parte de sua força", diz Delcroix, que também assina o projeto de luz do espetáculo.
Nascido na região dos Pirineus
franceses, Delcroix formou-se
com uma das professoras mais
respeitadas da França, Rosella
Hightower, que dirige em Cannes
o Centro Internacional de Dança.
A profissionalização, no entanto,
ele desenvolveu fora de seu país.
Depois de trabalhar na Alemanha, ingressou em 1985 no Balé
Scapino, uma das mais importantes companhias da Holanda.
No Scapino Delcroix dançou
apenas um ano. Descoberto por
Jiri Kylian, quando o então coreógrafo tcheco se encarregava de fazer da Nederlands uma das melhores companhias do mundo,
Delcroix pôde interpretar, nos 16
anos seguintes, o repertório de
um dos "monstros sagrados" da
dança contemporânea.
"Tenho consciência da influência que Kylian exerceu sobre
mim. Considero positivas as referências estéticas e musicais que
ele me transmitiu. São parte de
um aprendizado, que eu acredito
ter completado ao dançar obras
de outros coreógrafos importantes, como Ohad Naharin e Willian
Forsythe, que também trabalharam com a Nederlands."
Com serenidade, Delcroix prepara-se para deixar a Nederlands
e experimentar novos desafios.
Como coreógrafo, pretende diversificar seu trabalho à frente de
diferentes elencos, como o da
Ópera de Viena, para o qual deve
coreografar em abril de 2003.
Para o Cisne Negro, o programa
que marca a estréia de "Cherché,
Trouvé, Perdu" deve destacar a
versatilidade do elenco que, depois do lirismo de Delcroix, envereda para a teatralidade de "Mozartíssimo", cujo tema é a arte dos
saltimbancos.
CIA. CISNE NEGRO. Quando: hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 18h.
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000).
Quanto: de R$ 20 a R$ 40.
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