São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DANÇA

Espetáculo "Cherché, Trouvé, Perdu" estréia hoje no teatro Alfa em meio às comemorações dos 25 anos do grupo

Cisne Negro baila coreografia de Delcroix

ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O grupo de dança Cisne Negro, que neste ano comemora 25 anos de atividades, estréia nova coreografia hoje, no teatro Alfa. Intitulada "Cherché, Trouvé, Perdu" (Procurar, Encontrar, Perder), é uma criação do francês Patrick Delcroix, conhecido por sua atuação como bailarino da consagrada companhia holandesa Nederlands Dans Theatre.
Além de "Cherché, Trouvé, Perdu", o elenco do Cisne Negro dança, no mesmo programa, a coreografia "Mozartíssimo", que o romeno radicado na França Gigi Caciuleanu criou para o grupo em 1991. A reapresentação dessa segunda peça integra a proposta do Cisne Negro de recuperar, ao longo das temporadas deste ano, as obras mais expressivas de seu repertório.
Sem coreógrafo fixo, o Cisne Negro construiu sua identidade a partir do intercâmbio com diversos criadores, brasileiros ou estrangeiros. Com Delcroix, o grupo já havia trabalhado quatro anos atrás, quando ele concebeu "Além da Pele" para o elenco.
"Os bailarinos brasileiros são formidáveis, entregam-se cem por cento ao trabalho e sempre me proporcionam grande satisfação", diz Delcroix, que se prepara, no momento, para enfrentar uma transição em sua carreira.
Aos 39 anos, 16 deles dedicados à Nederlands Dans Theatre, ele deixará de dançar na companhia holandesa no final deste ano. Segundo Delcroix, essa mudança se deve a razões políticas, decorrentes das reformulações que o grupo já dirigido por Jiri Kylian vem promovendo.
Inspirado pela atual fase de vida, Delcroix evoca, em "Cherché, Trouvé, Perdu", o fluxo de busca, conquista, perda e recuperação que envolve as trajetórias humanas. "Acho que é uma peça bem mais sentimental e tocante do que "Além da Pele". Dançada por quatro casais, essa nova coreografia absorve da música de Arvo Pärt boa parte de sua força", diz Delcroix, que também assina o projeto de luz do espetáculo.
Nascido na região dos Pirineus franceses, Delcroix formou-se com uma das professoras mais respeitadas da França, Rosella Hightower, que dirige em Cannes o Centro Internacional de Dança. A profissionalização, no entanto, ele desenvolveu fora de seu país. Depois de trabalhar na Alemanha, ingressou em 1985 no Balé Scapino, uma das mais importantes companhias da Holanda.
No Scapino Delcroix dançou apenas um ano. Descoberto por Jiri Kylian, quando o então coreógrafo tcheco se encarregava de fazer da Nederlands uma das melhores companhias do mundo, Delcroix pôde interpretar, nos 16 anos seguintes, o repertório de um dos "monstros sagrados" da dança contemporânea.
"Tenho consciência da influência que Kylian exerceu sobre mim. Considero positivas as referências estéticas e musicais que ele me transmitiu. São parte de um aprendizado, que eu acredito ter completado ao dançar obras de outros coreógrafos importantes, como Ohad Naharin e Willian Forsythe, que também trabalharam com a Nederlands."
Com serenidade, Delcroix prepara-se para deixar a Nederlands e experimentar novos desafios. Como coreógrafo, pretende diversificar seu trabalho à frente de diferentes elencos, como o da Ópera de Viena, para o qual deve coreografar em abril de 2003.
Para o Cisne Negro, o programa que marca a estréia de "Cherché, Trouvé, Perdu" deve destacar a versatilidade do elenco que, depois do lirismo de Delcroix, envereda para a teatralidade de "Mozartíssimo", cujo tema é a arte dos saltimbancos.


CIA. CISNE NEGRO. Quando: hoje e amanhã, às 21h, e domingo, às 18h. Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000). Quanto: de R$ 20 a R$ 40.


Texto Anterior: Outros lançamentos
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.