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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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FILMES E TV PAGA

O Rei e Eu
SBT, 15h45.
 
(The King and I). EUA, 99, 87 min. Direção: Richard Rich. Com Miranda Richardson, Martin Vidnovic. A viúva Anna torna-se preceptora dos filhos do rei do Sião. Mas ela é inglesa, ele é do Sião. Uma aproximação difícil. Por outras razões, o filme também não é muito fácil de engolir, não.

O Fantasma
Globo, 16h15.
 
(The Phantom). EUA, 96. Direção: Simon Wincer. Com Billy Zane, Kristy Swanson, Catherine Zeta Jones. Há heróis com sorte: Superman e Tarzã. Há outros sem estrela. Fantasma, como Tarzã, vive na África e se faz passar por homem eterno, explorando a credulidade dos nativos que protege. Breve, o Fantasma é uma expressão acabada do colonialismo e merecia um tratamento e uma modernização condizentes com seu carisma. Mesmo porque quem acredita que o colonialismo morreu? Ele passa de pai para filho, também, muda de pele (ao contrário do herói), mas está aí.

Segredo Milionário
Globo, 23h.
  
(Where's the Money, Noreen?). EUA, 95, 92 min. Direção: Artie Mandelberg. Com Julianne Phillips, A. Martinez. Muitos anos depois de, aos 17 anos, roubar um banco, Noreen sai da cadeia. Como era a única a saber onde foi parar o dinheiro, seus colegas de roubo hão de tentar desvendar o segredo. Feito para TV. Inédito.

Uma Noite com Sabrina Love
SBT, 23h45.
    
(Una Noche con Sabrina Love). Argentina, 98, 100 min. Direção: Alejandro Agresti. Com Cecilia Roth, Tomás Fonzi. Jovem provinciano ganha concurso que promete uma noite com a estrela pornô Sabrina Love e vai a Buenos Aires disposto a perder a virgindade. Uma série de acontecimentos mudará sua vida, incluindo a sexual. Agresti é um diretor de primeira linha e estamos na Argentina, país de cinema muito forte. Anunciado para a semana passada e agora reprogramado. Inédito.

Dom Quixote
SBT, 1h50.
  
(Don Quixote). EUA, 99, 120 min. Direção: Peter Yates. Com John Lithgow, Bob Hoskins, Isabella Rossellini. Ok, Yates é um bom diretor de filmes de aventura, mas as aventuras de Dom Quixote, retroagindo aos tempos da cavalaria, à loucura em torno dela, aos seus combates fictícios, ao amor por Dulcinéia, enfim, tudo isso não seria um passo maior que as pernas? Feito para TV.

Para Sempre Emmanuelle
Bandeirantes, 2h.
 
(Emmanuelle Forever). França, 93, 90 min. Direção: Francis Leroi. Com Sylvia Kristel, Marcella Wallerstein, George Lazenby. A velha Emmanuelle/Kristel volta a Bangcoc, local de suas primeiras aventuras. Agora, dá uma força à jovem namorada de seu antigo amante. Mas, claro, essencialmente o filme é uma melancólica prova de como o talento de Sylvia Kristel acabou aprisionado ao personagem e foi, no fim das contas, desperdiçado (mais uma vez, no caso).

Tensão em Malibu
Globo, 2h45.
 
(The Colony). EUA, 95, 89 min. Direção: Rob Hedden. Com John Ritter, Mary Page Keller, Hal Linden. Família muda-se para Malibu, Califórnia. Escaldados por um assalto anterior, procuram um condomínio em que a tecnologia garante a segurança. Logo a certeza se transforma em dúvida: garante mesmo? Feito para TV.

As Aventuras de Cheech & Chong
SBT, 4h15.
  
(Cheech and Chong's Next Movie). EUA, 80. Direção: Thomas Chong. Com Cheech Marin, Thomas Chong. Drogados, vadios, anarquistas, Cheech e Chong promovem a anarquia por onde passam, enquanto a polícia os persegue. Comediantes mais irreverentes do que talentosos, eles documentam um espírito e uma época que, em definitivo, passou. Só para São Paulo. (IA)

Ed Harris cria um anti-Pollock honesto

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O filme "Pollock" é uma produção honesta, em que Ed Harris (ator e diretor) retoma os passos do talvez maior pintor americano de todos os tempos.
Mas existe algo de incômodo, de permanentemente exterior ao personagem, nesse trabalho. Lá está Jackson Pollock (1912-56) no clichê do artista de cinema americano: sujeito genial, temperamental, alcoólatra, anti-social.
Pollock aparece pintando tal qual o mostram os documentários: como um demente, atirando tinta sobre a tela.
Mas, à parte um ser excepcional -aceitemos que seja-, o artista fez algo muito concreto: sua arte tem uma relação intensa com o momento, com o acontecer. Isto é: não com o acontecido.
A pintura de Pollock tinha muito do gesto irrepetível, único, quase acidental. "Pollock", o filme, é ensaiado, repetido, estudado. De certa forma, "Pollock" é o anti-Pollock. Trabalha o acontecido, não o acontecer.
Pollock estava na contramão da idéia romântica de gênio. Mas é ao gênio romântico, justamente, que o filme remete o espectador: ao homem que sofre, que bebe, cuja arte está acima da própria vida (pois é incontornável, impõe-se ao artista).
Ora, é o mito da arte e do artista que Pollock sacudiu. É a impossibilidade de controlar o mundo que suas telas afirmam.
Qual seria o correlato cinematográfico dessa arte? Na América, pode-se pensar em John Cassavetes. Mas é Jean-Luc Godard, de longe, quem melhor expressa, no cinema, esse tipo de preocupação, com sua paixão pelo improviso, sua maneira ostensiva de abrir a câmera à realidade, ao acaso, ao que na vida é vivo.
Ed Harris fez uma homenagem sincera ao pintor, mas em nenhum momento ultrapassa os limites da representação naturalista. Com ela, de certa forma demonstrou que Hollywood está fechada a alguém como Pollock.


POLLOCK. Quando: hoje, às 19h40, no Telecine Emotion.


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