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Gotan e Gil revivem dramas de Discépolo
DA REPORTAGEM LOCAL
No mês passado, em uma
apresentação em Berlim na
abertura da Copa da Cultura, o
ministro e cantor Gilberto Gil
cantou "Cambalache", um tango clássico dos anos 30, do
compositor Enrique Santos
Discépolo, que discorre sobre o
caos social e político argentino.
Os versos da canção dizem:
"Que el mundo fue y será una
porquería ya lo sé" (que o mundo foi e será uma porcaria eu já
sei). E, mais à frente, onde Gil
fez um trocadilho com seu nome: "El que no llora no mama, y
el que no afana es un gil" (quem
não chora não mama, e quem
não afana é um otário).
Não é de hoje que "Cambalache" se faz tão atual. Aos poucos a letra da música foi se tornando uma referência não apenas da Argentina dos anos 30
como de toda a América Latina
nos dias de hoje. Em "Caetano
Veloso" (1969), o cantor baiano
fez uma releitura da faixa e, em
2001, ela foi lembrada pelos argentinos que enfrentavam uma
das maiores crises políticas e
econômicas de sua história.
"Essa história de que o mundo foi e será uma porcaria é um
exagero de todo o derrotismo e
pessimismo pelo qual os argentinos são conhecidos no mundo
todo", diz Makaroff.
Discépolo ficou tão conhecido por essa letra e pelo universo trágico e bem-humorado
que criou que "discepoliano"
acabou virando um adjetivo.
Está, inclusive, em uma das
canções do Gotan Project em
"Lunático". A dramática "Celos" ("crudo final discepoliano/
y en un café, un café de verdad/
cayó el último acorde del piano"; tradução: final cru e discepoliano/ e num café, um café de
verdade/ caiu o último acorde
do piano).
(SC)
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