São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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NDT 2 tem brasileiros no elenco e na criação

Goiano elaborou uma das coreografias que a companhia exibe a partir do dia 16 no país

A carioca Nina Botkay concorreu com 200 meninas a vaga no braço jovem do grupo holandês, considerado um dos melhores do mundo

Joris-Jan Bos Photography
CARIOCA ESTARÁ EM APRESENTAÇÕES NO BRASIL Nina Botkay (frente), 20, estará nas três coreografias que a NDT 2 exibe no Brasil; para ela, a mais complexa é "27'52"", de Jirí Kylián, com quem teve a "sorte de trabalhar"

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

É quase matemática. Na verdade, é dança, mas a base de tudo o que a companhia holandesa Nederlands Dans Theater leva ao palco é a precisão. Reconhecida mundialmente pelo rigor técnico -que inclui a exigência de formação clássica para o elenco, embora seja um grupo de dança contemporânea-, a NDT volta ao país, após seis anos, em sua versão júnior.
A NDT 2, o "braço" que se apresenta a partir do próximo dia 16 no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte, tem 15 bailarinos com idades entre 17 e 22 anos, e é hoje tão ou mais conceituado que a formação original, a NDT 1, só de "adultos".
E vem de sua sede em Haia, na Holanda, com uma carioca no elenco, Nina Botkay, 20, e uma criação do goiano Henrique Rodovalho, 42, da Quasar, no repertório. A peça, "Sob a Pele", fecha noites que terão, ainda, as coreografias "27'52"" (2002), do ex-diretor da companhia Jirí Kylián; e "Spit" (2007), de Ohad Naharin.
Força e resistência
A exigência de formação clássica na companhia foi anterior à passagem de Kylián pela direção (1975-1999), mas teve o seu estímulo. "O clássico dá uma força e uma resistência que dificilmente eles teriam com outras técnicas. Preciso disso para criar", diz à Folha, por telefone, de Haia.
O título "27'52"" se refere à duração do espetáculo -e cabe bem, com segundos e tudo, para uma obra que "transpira" a tal matemática da dança. O programa distribuído no teatro banca o cronômetro. Foram, informa, 4.418,75 horas dedicadas à produção, da criação aos ajustes finais de som e cenário.
A conta, que de tão precisa soa improvável, soma 111 dias ininterruptos só de atividades físicas, incluindo fisioterapia.
Desabituado a tal rigor, Rodovalho buscou outra resposta em "Sob a Pele". Ele aceitou, em 2004, o convite para criar para a NDT, depois de a Quasar dividir com o grupo a programação do Dance Salad Festival (EUA). "Tive receio. A base ali é o clássico. Eu precisava aproveitar a enorme responsabilidade técnica deles e colocar o máximo do meu estilo", diz.
Sua coreografia, ao som de uma "bossa samba eletrônica", acontece "de dentro para fora, num sentido mais emocional que técnico". "Tem muito deles no acabamento, mais refinado.
A Quasar tem uma coisa mais relaxada. Para mim, interessa mais o caminho do movimento; eles se importam mais com a forma. Se a Quasar fizesse, seria mais rústico. É impressionante a qualidade da resposta deles, a consciência corporal."

Dissidente
Tão "certinha", a NDT nasceu de uma dissidência. Foi em 1959, quando uma leva de bailarinos do Balé Nacional da Holanda deixou a companhia para explorar os limites da dança contemporânea usando o conhecimento do balé clássico.
Foi Kylián quem, em 1978, criou a NDT 2. A proposta era "alimentar" de talentos a companhia principal. "Fomos crescendo. Sei que tem gente que contrata a NDT 2 e não quer a 1", diz por telefone, de Londres, Nina, única bailarina das Américas hoje no grupo jovem.
Em 2004, ela concorreu com 200 outras meninas a uma de três vagas oferecidas. Antes, tinha integrado por um ano e meio a carioca DeAnima. Neste ano, completou o prazo-limite de três anos de permanência na NDT 2. Foi convidada a ficar mais um. "Eles precisam renovar. Mas terminei e sou muito nova. Só tinham uma vaga na NDT 1 e deram para uma menina mais velha. Disseram que ano que vem a vaga é minha."
Uma vantagem de mudar da companhia júnior para a sênior seria um certo respiro na agenda. Os jovens ensaiam diariamente das 9h30 às 17h30; os da primeira companhia pegam no batente às 11h e saem no mesmo horário. A não ser em véspera de estréia, quando horário de saída deixa de ser algo passível de definição. Não chega a ser extenuante -é mais pesado "psicologicamente que fisicamente", avalia a bailarina.

NO RIO DE JANEIRO
Quando:
dias 16, às 20h30, e 17, às 17h, no Teatro Municipal (pça. Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/ 2299-1643)
Quando: R$ 30 a R$ 100

EM SÃO PAULO
Quando:
dias 20 e 21, às 20h30, no teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, tel. 0/xx/11/3288-0136)
Quanto: R$ 50 e R$ 100

EM BELO HORIZONTE
Quando:
dia 23, às 21h, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, tel. 0/ xx/31/ 3237-7399)
Quanto: R$ 30 a R$ 80


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