São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

SELEÇÃO

Flávio Florido - 25.jun.2006/Folha Imagem
O zagueiro diz que chora todos os dias e optou por não ver mais nenhum jogo do mundial; "Torço para essa Copa acabar logo"


Lúcio: "Vou torcer para a França"

Um dos poucos jogadores que escaparam do bombardeio de críticas à seleção brasileira, o zagueiro Lúcio decidiu não ver mais nenhum dos jogos da Copa. A coluna telefonou para o celular do jogador anteontem, logo após França X Portugal. Lúcio, que estava em Genebra, onde assumiu o posto de embaixador da ONU, não tinha visto o jogo -e nem sabia o resultado. Na entrevista exclusiva, ele conta que chora "todos os dias" e faz coro com Zé Roberto na opinião de que o francês Zidane poderia ter sido melhor marcado no jogo que tirou o Brasil da disputa. Também não concorda com as críticas de Roberto Carlos de que a zaga deveria ter criado uma linha de impedimento para desarmar o gol de Thierry Henry -"não adiantaria nada", diz ele. (DANIEL BERGAMASCO)

 

FOLHA - Você foi um dos jogadores bem avaliados no Brasil. Que nota daria para seu desempenho?
LÚCIO -
Não gosto de me auto-avaliar. Mas creio que me daria uma nota boa. Talvez um "8,5", quase um "9".

FOLHA - E para o Zidane?
LÚCIO -
Um "9,5". Tenho que ser realista.

FOLHA - E para a seleção brasileira?
LÚCIO -
Eu não tenho muita noção de avaliação mesmo. A seleção teve um conjunto bom. Daria uma nota "6,5", quase um "7". Não sei avaliar...

FOLHA - E para o Ronaldo?
LÚCIO -
Não tenho costume de dar nota, aí sai publicado que eu dei nota para o fulano. O Ronaldo é um grande jogador. Não perdeu sozinho o jogo.

FOLHA - Como se sentiu após a derrota para a França?
LÚCIO -
O juiz apitou e eu vi que não poderia fazer mais nada. Na hora, nem sabia o que pensar. Fui procurar um jogador reserva da França, que tinha pedido, na entrada do segundo tempo, para trocar a camisa dele com a minha. Fui para o vestiário, mas demorei muito para trocar de roupa. Que ânimo eu tinha para trocar de roupa? Ficou todo mundo triste, chorando, foi muito ruim. E a derrota ainda dói muito.

FOLHA - Você ainda chora?
LÚCIO -
Choro todos os dias, quando falo com minha mulher. Para meus filhos, foi difícil. Minha filha [Victória, 8] chorava de soluçar. É difícil saber que você não pode voltar no tempo e mudar as coisas.

FOLHA - Tem visto os jogos?
LÚCIO -
Não vi Alemanha e Itália, mas sei que a Itália ganhou. Não quero ver mais nenhum jogo, para não sofrer. Quem ganhou hoje?

FOLHA - França.
LÚCIO -
É, nem vi o jogo. Prefiro evitar. Torço para essa Copa acabar logo, na verdade.

FOLHA - Torce para quem?
LÚCIO -
Eu não tenho preferência entre França e Itália, mas vou torcer para a França ganhar. Porque a Itália, se ganhar, será tetra. É melhor que continue tri.

FOLHA - O que acha das críticas do torcedor brasileiro?
LÚCIO -
É mais doloroso perder que ouvir as críticas. Quando se perde, todos procuram 1.001 tipos de erro. Particularmente, nem consegui analisar direito onde erramos. Todos fizeram seu melhor.

FOLHA - Talvez por não marcar devidamente o Zidane?
LÚCIO -
Realmente, o Zidane teve muito espaço no jogo... Ele teve espaço para jogar.

FOLHA - Não era óbvio que se deveria marcar melhor o Zidane?
LÚCIO -
Pelo fato de ele ser um jogador principal, sim, mas naquele momento a estratégia era o conjunto, era marcar todo mundo, no coletivo.

FOLHA - O que achou das declarações do Roberto Carlos de que, no lance do gol do Henry, o combinado com a zaga seria criar uma linha de impedimento?
LÚCIO -
Não, ali não daria para criar um impedimento. Não adiantaria nada.

FOLHA - Existe uma enquete no Brasil para descobrir o que o Roberto Carlos estava fazendo parado na hora do gol. Uns dizem que estava procurando o brinco na meia...
LÚCIO -
[Sério] Não posso dizer. Não sei o que aconteceu.

FOLHA - O que pensa quando dizem que os jogadores são mercenários e nem estavam se esforçando tanto, já que os milhões na conta já estavam garantidos?
LÚCIO -
É um desabafo da torcida, da imprensa. Mas é claro que todos queriam jogar e vencer. Se não, era só falar que estavam machucados e ficar no banco. Todos lutaram. E o jogador não tem culpa de ser bem remunerado. Somos mesmo, mas é como as coisas são...

FOLHA - O que achou das críticas do Zé Roberto ao esquema tático? Para ele, por exemplo, o Robinho poderia ter jogado mais.
LÚCIO -
O Robinho é mesmo um grande jogador, mas não é da minha índole ficar achando culpado, dizer "fulano errou". O time estava unido, os jogadores deram o melhor de si. Mas, às vezes, mesmo com grande dedicação e concentração, você não consegue ter seu melhor rendimento.

FOLHA - De quem ficou mais amigo no time?
LÚCIO -
A gente se deu bem geral. Kaká, Cicinho, Juninho, Ronaldinho Gaúcho... O Ronaldo brinca com todo mundo, até com os mais tímidos, como eu. Ficávamos sempre conversando depois do almoço, foi uma boa amizade. Mas o time todo foi unido. Saio da Copa com amigos, e não só colegas, como é no Bayern de Munique.

FRASE

"Me daria uma nota boa. Talvez um "8,5", quase um "9". A seleção teve um conjunto bom. Daria uma nota "6,5", quase um "7"

"Vou torcer para a França ganhar. Porque a Itália, se ganhar, será tetra. É melhor que continue tri."


LÚCIO
zagueiro da seleção


BERÇO DOURADO
A top Michelle Alves, estrela da abertura da novela "Belíssima", está grávida. De três meses. O pai é Guy Oseary, sócio de Madonna na gravadora Maverick. Padrinhos convidados: Demi Moore e Anthony Kiedis, vocalista da banda Red Hot Chilli Peppers.

ÚLTIMA HORA
Representantes do PC do B carioca telefonaram às pressas para o cantor Martinho da Vila, anteontem. Queriam convidá-lo para o posto de primeiro suplente de Jandira Feghali na corrida para o senado. Martinho, que havia recusado a candidatura a senador para não ficar longe dos palcos, topou. Mas, como está em Portugal, não conseguiu enviar documentação a tempo e foi substituído, de última hora, por Roberto Amaral, do PSB.

SELEÇÃO
Vai sair por R$ 500 a anuidade para os sócios da associação Autores de Cinema, que será fundada oficialmente no dia 12 por roteiristas de SP. E os 20 fundadores já definiram um dos critérios para quem quiser entrar na entidade: só serão aceitos roteiristas com, no mínimo, um filme já rodado.

SURGIR, SORRIR, SUMIR
No Brasil para fotografar uma campanha de lingerie, a modelo Ana Beatriz Barros não estará passarelas da SP Fashion Week. No domingo, parte para Londres, onde terá outros compromissos.

OLHEIRO
Fora da SP Fashion Week para "reestruturar a marca", o estilista Jum Nakao conta que vai orientar nove jovens designers de Brasília para criar uma coleção que será lançada durante o Brasília Fashion Festival, em agosto. "O foco é revelar talentos", explica.

CARTEIRA
Produtores da peça "O Teste de Turing", que será estrelada por Carolina Ferraz no final do ano, andam às voltas com a falta de patrocínio. Precisam de R$ 350 mil. Duas tentativas de obter o dinheiro já falharam: Petrobras e Funarte não incluíram o projeto da lista de apoio.
 

"Resta a iniciativa privada", diz o produtor da peça, Henrique Mariano.

CURTO-CIRCUITO

"EXPEDIÇÃO NATUREZA", mostra com fotografias de Zé Paiva, abre hoje para o público, na galeria Nobre (praça da Sé).
A PEÇA "MARX NA ZONA" fica em cartaz, hoje e amanhã, no teatro do Sesc Ipiranga, às 21h, com o ator Roger Barbosa.
A MOSTRA "QUILOMBOLAS" apresenta fotografias de André Cypriano na Caixa Cultural de SP, de hoje até 23 de julho.
A PINACOTECA abre amanhã a exposição "Um Século de Arte Brasileira", com a coleção de Gilberto Chateaubriand, às 11h.
"GRANDE CIRCO NERINO", exposição fotográfica na Caixa Cultural, abre hoje e permanece em cartaz até 13 de agosto.
IAN MACKINNON, criador dos bonecos de "A Noiva-Cadáver", de Tim Burton, apresenta sessão com suas obras no dia 17 de julho, no Cine Odeon, pelo Animation-UK, no Rio.


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