São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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Com teatro, Fernandona "refunda" Paulínia

Em inauguração de sala multiuso e festival de cinema, atriz cita Shakespeare e decreta novo início da cidade

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Para selar a inauguração do Theatro Municipal de Paulínia e a abertura, simultânea, do 1º Festival Paulínia de Cinema, na noite de sexta passada, a atriz Fernanda Montenegro, no papel de mestre-de-cerimônias, invocou Shakespeare: "Há instantes em que somos senhores do nosso destino", afirmou.
Era um prólogo da atriz ao agradecimento nominal que ela faria, em seguida, a Edson Moura (PMDB), prefeito da cidade, que fica a 118 km de SP, pela decisão de construir, com R$ 53 milhões, o bem aparelhado e refinado teatro multiuso.
"Mulher de teatro", como se definiu, Fernandona disse que, ainda que possua "igreja, hospital, saneamento, uma cidade sem teatro não é uma cidade" e decretou, por fim: "Paulínia é Paulínia, a partir deste teatro!".
O prefeito entregou o título de cidadão paulinense ao cineasta Fernando Meirelles, que apoiou a idéia de erguer na cidade um pólo cinematográfico e nela rodou, em 2007, cenas de seu novo filme, "Ensaio Sobre a Cegueira", que abriu o Festival de Cannes, em maio passado, e estréia nos cinemas no próximo mês de setembro.
Em seu agradecimento, Meirelles também citou Shakespeare. O diretor observou que, com a obra de engenharia, a municipalidade havia cumprido "a parte mais fácil" do projeto. "O difícil agora é encher essa caixa com som e fúria", disse.
Coube à música o desafio inaugural de povoar "a caixa" de significado. Primeiro, com o som da velha guarda da Portela, tema do documentário "O Mistério do Samba", de Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, que teve em Paulínia sua primeira exibição pública.
Em seguida, o palco abrigou o show em que a cantora Maria Rita pede passagem ao samba para ser sua nova intérprete.
A platéia, de convidados, reagiu timidamente à sugestão de Maria Rita que o traje de gala não fosse "um empecilho" ao desfrute do show. Poucos atenderam o chamado do samba e sacolejaram seus longos e smokings, "escondidos" nas laterais da platéia e nos camarotes.
O público passou a ter entrada franca no teatro desde sábado, quando começaram as sessões competitivas do 1º Festival Paulínia de Cinema, que vai até o próximo dia 12.
A Secretaria de Cultura divulgou anteontem o destino de R$ 5,6 milhões à produção de dez longas, que terão de ser em parte rodados em Paulínia.
O produtor Hank Levine, agraciado com R$ 200 mil para realizar o documentário "Crianças Abandonadas", que ele dirigirá, anunciou que o diretor inglês Peter Greenaway filmará nos estúdios de Paulínia, em 2009. "Temos Hollywood, Bollywood [Índia] e, agora, Pauliwood", disse Levine.


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