São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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6ª FLIP

Tom Stoppard brilha em Flip sem estrelas

Dramaturgo britânico foi o destaque da sexta Festa Literária Internacional de Paraty, que terminou ontem à noite

No último evento da festa, convidados leram trechos de livros que escolheram livremente; público foi maior do que em 2007


EDUARDO SIMÕES
MARCOS STRECKER
ENVIADOS ESPECIAIS A PARATY

Numa Flip que reuniu menos estrelas do que as edições anteriores, e que terminou na noite de ontem, o dramaturgo britânico Tom Stoppard brilhou com uma participação marcada pelo bom humor, pela presença de espírito e pela discussão inteligente e original sobre a expressão artística em suas várias formas.
Mais importante representante da cena literária mundial na festa, o holandês Cees Nooteboom conquistou o público contrapondo-se com o histriônico e polemista colombiano Fernando Vallejo.
Outro destaque foi a conferência didática e consistente do crítico literário Roberto Schwarz, que fez um histórico da evolução da crítica machadiana a partir de uma análise do romance "Dom Casmurro".
As mesas mais divertidas foram as do escritor e humorista americano David Sedaris, que arrancou gargalhadas da platéia com seu humor ácido. E a dos escritores Xico Sá e Humberto Werneck.

Balanço
Segundo a organização da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), foram vendidos 36.600 ingressos este ano, mais do que em 2007. Uma novidade foi a confirmação, já no último dia do evento, do jornalista Flávio Moura como diretor de programação de 2009.
Moura assumiu a função apenas em dezembro passado e teve menos de seis meses para montar a grade de 2008 (autores renomados preparam suas agendas com grande antecipação, o que demanda antecedência e continuidade de contatos).
Quanto à falta de nomes de peso do mundo das letras, o arquiteto Mauro Munhoz, diretor da Associação Casa Azul, entidade que organiza o evento, afirmou que "não é objetivo da associação fazer um festival de celebridades".
Moura, que desde o começo defendeu a interdisciplinaridade de seu elenco, que incluiu um dramaturgo, cineastas, psicanalistas e até um humorista, ressaltou maior liberdade para a escolha dos convidados.
"A programação deste ano é a prova de que estamos com uma postura arrojada em relação às editoras", disse o jornalista.
O diretor também comentou a presença de críticos e de nomes da academia. "Falaram que era uma Flip mais intelectualizada, mas [para mostrar o contrário] tivemos uma fila como a de Neil Gaiman".
O quadrinista britânico reuniu uma multidão de fãs por várias horas para terem seus livros autografados.
Quanto a 2009, Moura acenou com a possibilidade de ampliar o leque de nacionalidades, que incluiu este ano um italiano e um alemão. "Vamos convidar escritores que tiverem qualidade. Se tiver, um japonês ou um chinês seriam interessantes, ou ainda alguém da Índia."

Livros de cabeceira
No evento final da Flip, oito autores leram trechos de livros que escolheram.
Participaram da mesa "Livro de Cabeceira" a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (que leu "Autobiography of My Mother", de Jamaica Kincaid), Nathan Englander (o conto "Goodbye, My Brother" de John Cheever), Zoë Heller ("A Convidada do Casamento", de Carson McCullers), Neil Gaiman ("The 13 Clocks", de James Thurber), Cíntia Moscovich ("De Amor e Trevas", de Amóz Oz), Alessandro Baricco ("O Apanhador no Campo de Centeio", de J. D. Salinger), Tom Stoppard ("In Our Time", de Hemingway) e Cees Nooteboom ("Em Busca do Tempo Perdido", de Proust).
"Li a obra de Proust somente quando fiz 42 anos, e fico feliz de não ter lido antes", disse Nooteboom.


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