São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Punk de galeria

Mostra francesa que abre no CCBB-RJ este mês traz fotos, vídeos e músicas de artistas do movimento

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DO RIO

Se hoje em dia você ouve falar em cabelo moicano e pensa logo no Neymar, é bom lembrar que, há não muito tempo, as figuras associadas a esse penteado eram... bem, mais "punks".
O caminho percorrido pelo moicano e outros símbolos típicos do movimento punk -sinais de revolta e agressividade que passaram a ser palatáveis e comerciais- podem ser mais bem entendidos na exposição "I Am a Cliché - Ecos da Estética Punk".
Abrigada no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio, a mostra traz obras de 12 artistas, como Jamie Reid (criador da célebre capa de "Never Mind the Bollocks", dos Sex Pistols), Andy Warhol e Robert Mapplethorpe.
"O punk pode ser uma "grande farsa", como disse Malcolm McLaren [o criador dos Sex Pistols], mas é também um movimento cujos princípios e a iconografia definiram uma estética", diz Emma Lavigne, curadora da mostra, à Folha, por e-mail.
Essa estética a que Lavigne se refere aparece em 150 fotos, incluindo retratos de ícones bem reconhecíveis -Sid Vicious fotografado por Dennis Morris, Patti Smith posando para Mapplethorpe e o Velvet Underground na Factory de Andy Warhol.
Há ainda outras figuras simbólicas, mas menos célebres, como Soo Catwoman (um dos rostos mais conhecidos do punk, ainda que um nome pouco falado) e o travesti Candy Darling (citado em canções de Lou Reed e dos Rolling Stones).
A exposição, no entanto, não é apenas um "quem é quem" do gênero musical. Há espaço para obras conceituais, inclusive de precursores do movimento, como os vídeos com Andy Warhol e o Velvet Underground ("Screen Tests" e "Exploding Plastic Inevitable").

A CAPA É A MENSAGEM
À medida que percorrer a mostra, o público ouvirá uma trilha de ícones, como Sex Pistols e X-Ray Spex (cuja canção "I Am a Cliché" deu nome à exposição).
Em uma sala, decorada ao estilo dos pubs ingleses, estará uma coleção de capas de discos que marcaram o punk. "Era importante mostrar o design dos discos da época, porque as capas não eram uma embalagem comercial, mas uma ferramenta para articular ideias, a maioria delas antiestablishment", diz Lavigne, citando um dos designers, James Reid.
E onde é possível encontrar, hoje em dia, os tais "ecos da estética punk"? "Nas artes contemporâneas e na moda", diz a curadora.
Lavigne espera que o público saia com a visão de que, mais do que apenas um gênero curto e grosso, o punk foi um movimento que desconstruiu a cultura de sua época e a democratizou, pelo lema "faça você mesmo".
"Os trabalhos transmitem a energia criativa de um movimento musical e artístico cuja fachada de niilismo mascarou por tempos seu valor estético e sua herança."

I AM A CLICHÉ - ECOS DA ESTÉTICA PUNK

QUANDO a partir de 12/7; de ter. a dom., das 9h às 20h; até 2/10
ONDE CCBB-Rio (r. Primeiro de Março, 66, tel.0/xx/21/3808-2020)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre


Texto Anterior: Trunfo de filme de abertura é elenco japonês
Próximo Texto: Frase
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.