São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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9ª FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

Michèle Petit diz que livro preenche o vazio em crises

Curiosa com Paraty, antropóloga fala hoje na Flip sobre sua pesquisa com projetos de incentivo à leitura

Francesa se surpreende com entusiasmo dos mediadores de leitura latino-americanos e com seu impacto social

GABRIELA LONGMAN
DE SÃO PAULO

Primo Levi recitava Dante a seu amigo Pikolo, em Auschwitz. Marc Soriano contou que "Pinóquio" o ajudou a sobreviver a uma grave anorexia causada pela morte do pai e Montesquieu viu na leitura um remédio para os desgostos da vida.
Elencando exemplos históricos, mas sobretudo recolhendo histórias de pessoas comuns, a antropóloga francesa Michèle Petit ergueu sua conclusão: num cenário de adversidade, os livros podem "preencher o vazio" e ajudar o sujeito nas relações consigo mesmo e com o mundo.
Ela fala hoje na Flip na mesa "A Escrita e o Território" (leia programação ao lado). É sua terceira visita ao Brasil.
"Comecei como orientalista, me aproximei da geografia, mas faz 20 anos que venho trabalhando em torno dos livros e da leitura", disse em entrevista à Folha.
"Dizem que o objeto de pesquisa é uma autobiografia disfarçada do pesquisador. De fato, a leitura sempre exerceu um papel central na minha vida."
A pesquisadora conta que acompanhou projetos de incentivo à leitura em bibliotecas na periferia de Paris, material que lhe serviu para compor "Os Jovens e a Leitura" (editora 34), de 1998.
Nos últimos anos começou a seguir o mesmo tipo de iniciativa na América Latina, em especial na Argentina e na Colômbia. Descobriu que estas eram frequentes e podiam exercer impacto sobre a realidade social.
"É interessante. Encontrei nos mediadores de leitura latino-americanos um entusiasmo que me parece mais raro de se ver nos círculos literários franceses", avalia.
"Estou curiosa para ir a Paraty, pois me contaram que existe um projeto feito nas escolas, em parceria com a organização do evento, mas ao longo do ano todo. Além de falar da minha experiência, quero ouvir e aprender sobre o que está sendo feito ali."
Influenciada pela psicanálise, insiste na necessidade de um espaço "livre" para a experiência da leitura, longe do ambiente de sala de aula, "em espaços que não estejam preocupados em quantificar o desempenho".


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