São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2011

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Atores duplicam peça de Woody Allen ao se revezar em papéis

"Adultérios" muda de dinâmica ao trocar atuações de Fábio Assunção e Norival Rizzo

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Fábio Assunção e Norival Rizzo estreiam duas montagens de Woody Allen ao mesmo tempo. O texto, porém, é um só: "Adultérios" ("Central Park West" no original, de 1995). Inédito no país, entra em cartaz amanhã em SP.
Apesar de a peça ser uma, são duas as versões, já que os atores se revezam nos papéis dos protagonistas, o mendigo Fred e o roteirista Jim. "Toda a dinâmica da cena muda", diz o diretor Alexandre Reinecke.
A trama apresenta o encontro entre Fred e Jim numa praça estilizada às margens do rio Hudson, criação do cenógrafo André Cortez cuja beleza se acentua com a luz de Caetano Vilela.
Jim está à espera da amante. Vai terminar o relacionamento para voltar a investir no casamento. O esquizofrênico Fred se aproxima, revelar amplo conhecimento sobre sua vida pessoal e o acusa de plágio. Segundo ele, Jim roubou sua ideia para escrever o roteiro do único filme de sucesso que criou. Para Reinecke, Rizzo ressalta o aspecto patético do mendigo, enquanto Assunção o interpreta de forma mais bruta. A fragilidade de Jim também muda de acordo com as atuações.
"O próprio porte do Fábio faz com que o Jim vivido por Rizzo fique mais intimidado pelo mendigo do que quando acontece o oposto", fala.
A escolha do revezamento não é aleatória. Segundo Reinecke, o mendigo é alter ego do escritor. "Eles são a mesma pessoa em duas versões", afirma Assunção, que volta aos palcos após dez anos -sua última montagem foi uma versão de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf", de Edward Albee, em 2001.
Assunção vive o mendigo Fred às sextas e aos sábados, às 22h; Rizzo fica como mendigo aos sábados, às 20h, e aos domingos.
Reinecke está por trás de grande parte dos espetáculos de humor bem-sucedidos da cidade. No ano passado, conseguiu a proeza de ter nove comédias em cartaz, entre elas "Toc Toc", que está há três anos em exibição, sem sinal de esgotamento.
Desta vez ousa apostar no que define como "o humor inteligente de Woody Allen", cuja faceta dramatúrgica é pouco conhecida no país, mas é notória nos EUA -o cineasta já teve quase dez montagens nos palcos norte-americanos, como "Play It Again, Sam" (1969).
Para ele, Allen é um grande palhaço e como tal transforma sua condição trágica em humor. "Ele entretém discutindo questões existenciais. Faz você refletir", diz.

ADULTÉRIOS

QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 20h e às 22h, e dom., às 19h
ONDE Teatro Shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569, 6º andar, tel. 0/xx/11/3472-2229)
QUANTO R$ 50 (sex.); R$ 60 (dom.) e R$ 70 (sáb.)
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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