São Paulo, Quarta-feira, 07 de Julho de 1999
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MORUMBIFASHION BRASIL
Fause Haten e camisetas fazem bom verão

Paulo Giandalia/Folha Imagem
Ana Claudia Michels em top de renda pink e calça jeans baixa da Zoomp


da Redação


O estilista Fause Haten foi o destaque do segundo dia dos desfiles do MorumbiFashion Brasil, que termina hoje em São Paulo depois de mostrar a moda para a primavera-verão 1999/2000 de 17 marcas, nas salas montadas no pavilhão Manoel da Nóbrega (parque Ibirapuera, zona sudoeste de SP).
Ao som de bateria de escola de samba, crus e beges deram o ponto de partida para Haten. A coleção foi construída a partir de círculos que envolvem o corpo em elipse ou sobre tecidos moldados em quadrado.
Pela primeira vez lidando com estamparia, o estilista usou a técnica da fotocromia para registrar rostos em êxtase e na ala das baianas fotografadas de cima.
O estilista usou neoprene com um novo toque e caimento, fazendo nervuras e trabalhando com a modelagem (moulage) na casaca de tiras duplas do mesmo tecido. Tailleurs, vestidos e bolsas jeans sem lavagem e no algodão ganharam bordados de canutilhos, crescendo em refinamento. Bolsas e escarpins forrados com os mesmos tecidos da coleção encantaram pela surpresa das cores, marcando a boa edição do desfile. Haten faz seu Carnaval particular.
A Iódice fez um desfile que surpreendeu pela linha masculina, solta, urbana e muito usável, mesmo nos looks de terno laranja ou no couro; mesmo na camisa vermelha de pences e costuras no cotovelo. O uso dos materiais diferenciados como os amarrotados deu toque fashion sem afastar a marca de seu caráter acessível, desdobrado em muitos brancos e formas retas.
O feminino se limpou dos excessos de referências de coleções anteriores da Iódice e veio moderninho, mais voltado para experimentalismos formais e de produção de moda -cheia de acessórios como as polainas. Acertou mais na simplicidade da saia evasê de couro vermelha com t-shirt branca e sapato forrado de jeans, como na modelo Sandra Steuer. Outros looks, como os vestidos de jérsei repuxados atrás, e as saias usadas com grandes cintos, mostraram-se um pouco mais duros e herméticos.
O masculino da Zoomp, sempre tão bom, neste desfile não apareceu. Estratégias de lançamento, parece (deve haver mais um desfile só dessa linha). Ficou um feminino que confundiu sensualidade com vulgaridade. Vale citar Versace para lembrar que é preciso muito mais que uma saia curta, um salto alto ou uma rendinha transparente para fazer moda sexy.
Uma regata de alcinhas pink com short de oncinhas usado em Tatiana Rossi talvez seja boa imagem para isso. Melhor ficar com as calças jeans retas e mais curtas com barrados de renda; no jeans sem cós masculino -e superfeminino ao mesmo tempo -que fechou o desfile com o microtop de renda rosa (o melhor material) na belíssima Ana Claudia. O jeans estampado de onça é divertido e funciona.
Renato Loureiro brincou com a dualidade das formas de freiras e padres, aqui em versão nerd. Trabalhou à vontade nos jeans em grandes saias plissadas e terninhos cheios de estilo, nos básicos navy e no vestido branco camisola de alcinha. As sapatilhas de strass são puro fetiche e os sintéticos furadinhos em vestidos com barrado ondulado estão entre as melhores peças já feitas pelo estilista mineiro, mas empastelaram ali na sequência de peças bicolores tipo noviça com som do melhor/pior do brega. Loureiro deve vir mais concentrado.
A Patachou, outra marca mineira, não fez muito mais que os desdobramentos de criativas saias (pareô roxa de tricô; tipo lenço, em branco sintético macio; nas estampas de Brasil Colônia que não chegaram a decolar). As regatinhas de alça bem fina, roxa ou verde, já nascem hit, idem para a calça de flor reta. Está mais do que bom para um verão. (ERIKA PALOMINO e CESAR FASSINA)

Desfiles de hoje: Walter Rodrigues (18h), Lino Villaventura (19h), FIT (20h), Ricardo Almeida (21h)


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