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Parati vai à Bahia com Bethânia e Amado
Show da cantora terá trechos de obras do escritor e "É Doce Morrer no Mar"
Cantora também vai mostrar algumas canções do próximo disco, que será duplo e deve sair em outubro ou novembro
DA REPORTAGEM LOCAL
Sempre que ouve falar de
Jorge Amado, Maria Bethânia,
60, diz que lembra da infância e
do pai. "Ele era um leitor compulsivo, um funcionário de correio que tinha uma bela voz e
gostava de ler em voz alta. Tanto prosa como poesia. E isso
nos cativava, pois éramos
crianças e queríamos entender
aquelas palavras", conta.
Apesar de "A Morte e a Morte
de Quincas Berro D'Água"
(1961) e "Navegação de Cabotagem" (1992) serem os livros de
Amado preferidos da cantora,
não foi destes que ela escolheu
trechos para serem lidos no espetáculo de abertura da Flip. As
passagens foram selecionadas
de "Os Velhos Marinheiros"
(1961) e "Bahia de Todos os
Santos" (1945) -uma espécie
de guia da cidade de Salvador.
Bethânia também deve cantar "É Doce Morrer no Mar",
composição de Amado com Dorival Caymmi, e "Coração
Ateu", canção de Sueli Costa interpretada pela cantora na novela "Gabriela", exibida pela
Rede Globo em 1975.
Além de um apanhado de seu
repertório tradicional, a cantora também promete mostrar
algumas canções inéditas que
estarão no seu próximo CD, no
qual está trabalhando atualmente. O álbum, que deve sair
em outubro ou novembro, terá
duas partes (que depois serão
vendidas separadamente).
Parati e Santo Amaro
Morando no Rio há mais de
40 anos, Bethânia conta que
desde então freqüenta Parati,
que acha parecida, em alguns
aspectos, com Santo Amaro da
Purificação ("tem essa coisa de
ser cidade de mar, de mangue"), e acha muito positivo o
fato de a festa ter se tornado
uma referência no circuito cultural internacional. "Uma feira
literária, nesse lugar mágico,
tem um significado imenso. É a
única saída que posso entender
para o Brasil. Essa idéia de que
devemos conversar, ouvir outras pessoas de outras culturas,
ler o que estão escrevendo, é algo deslumbrante."
A participação de Bethânia
na Flip já era para ter acontecido em anos anteriores. "Sempre quis e nunca deu, agora que
conseguimos encaixar na agenda, estou muito feliz", diz a artista, que não conferiu ainda a
programação nem os convidados deste ano, mas que quer assistir a algumas mesas.
Amado para estrangeiros
Apesar de reconhecer a grande influência da obra de Jorge
Amado no imaginário do brasileiro sobre a Bahia ("todas as
expressões mais típicas dos
baianos estão ali"), Bethânia
conta que se impressiona muito com a maneira como a obra
do autor causa impacto nos estrangeiros. "Jorge levou a Bahia para o mundo. Quem é de
fora delira com a Bahia profunda que surge de seus livros. E
sempre me perguntam sobre as
putas e os bêbados, os cheiros e
as comidas que estão no universo dos seus romances."
Homenagem
Nas edições anteriores, a Flip
celebrou as obras de Vinicius
de Moraes, Guimarães Rosa e
Clarice Lispector. Desta vez,
para homenagear Amado, além
do show de Bethânia, haverá
atividades dentro da programação principal e na Flipinha
-seção dedicada a jovens e
crianças, na Tenda Azul.
Na quinta-feira, dia em que o
escritor completaria 94 anos,
uma mesa reunirá Myriam
Fraga, diretora da Fundação
Casa de Jorge Amado, o poeta e
ensaísta Alberto da Costa e Silva e Eduardo de Assis Duarte,
autor de "Jorge Amado - Romance em Tempo de Utopia".
Até o fechamento desta edição, ainda havia ingressos para
todas as mesas da Flip. Mais informações podem ser obtidas
pelo site www.flip.org.br.
(SYLVIA COLOMBO)
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