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Crítica
"Amantes" é obra-prima de Cassavetes
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Amantes" (no TC Cult,
19h30) é um título sem ambigüidades, não? No entanto, o
que não falta são ambigüidades
neste magnífico filme de 1984
que, por muito tempo, me pareceu um dos mais belos e mais
ternos já feitos. O que terá se
tornado o filme de John
Cassavetes?
Vamos ver ali um escritor
(Cassavetes) razoavelmente
perdido na vida, na afetiva em
particular, levando uma vida de
relações esporádicas com mulheres. Uma mulher frágil, divorciada e excêntrica (Gena
Rowlands) reaparece em sua
vida. Não é sua ex-mulher, como se pode imaginar, mas sua
irmã. E podemos ficar por aí,
porque a toda hora se fala da vida de casais, mas raramente da
vida de irmãos, da vida em comum, do tipo particular de
amor que experimentam.
Já não me lembro do filme o
bastante para dizer se Cassavetes, delicadamente, falaria de
incesto. Lembro-me o suficiente de que esta é, possivelmente,
a obra-prima desse cineasta
tão central no cinema americano moderno.
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