São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Com passagem pelo Brasil, turnê de Lynch deve virar documentário

Atos do cineasta, que chega hoje a SP, estão sendo registrados por uma câmera

DA ENVIADA AO RIO

Fotógrafo, pintor, cineasta ("O Homem Elefante", "A Estrada Perdida"), o norte-americano David Lynch não se vê como um artista das imagens. "Sou um homem de idéias", diz, em sua primeira visita ao país.
A viagem, que prevê sua ida a cinco cidades, desde domingo passado, e passa hoje por São Paulo, tem o objetivo de divulgar a origem das idéias de Lynch, 62, relatada no livro "Em Águas Profundas" (editora Gryphus, 204 págs, R$ 29,90).
A meditação transcendental, que pratica há 30 anos, é o método de Lynch para ativar o cérebro e mergulhar no território da imaginação. Para ele, não importa que, quando assumam a forma de filmes, suas idéias sejam consideradas herméticas por boa parte do público.
"Mesmo quando as pessoas acham que não entenderam, elas entenderam", diz. Ele defende que o público tenha "o privilégio de interpretar [uma obra] como quiser".
Dos filmes que fez, Lynch se arrepende de um -"Duna - O Mundo do Futuro" (1984), sucessor de "O Homem Elefante" (1980), que alçou seu prestígio em Hollywood. "Não gosto do corte final. Não fiz o filme que queria fazer e isso me deixa muito triste. Na época, fiz uma concessão que não deveria."
Ficção científica, "Duna - O Mundo do Futuro" trata do embate de um povo à espera do messias com uma nação inimiga. As concessões de Lynch a Hollywood soam, hoje, como coisa do passado. O cineasta é visto como ícone dos "independentes" dos grandes estúdios.
Por onde vai no Brasil, Lynch tem seus passos seguidos por uma câmera e um microfone. O registro deve integrar um documentário a respeito de sua turnê mundial para divulgar a meditação transcendental.
"Por enquanto, não estou preparando outro filme de ficção", diz. Como produtor, Lynch cuida atualmente do novo longa do chileno Alejandro Jodorowski, "King Shot". "Sou apenas o produtor-executivo. Ele tem a sua própria voz, que é diferente da minha. Fico feliz por produzir os filmes dele."
Profícuo como diretor e produtor, Lynch não gasta muito tempo indo ao cinema. "Gosto de fazer filmes, de trabalhar, e não sou muito rato de cinema."


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