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Show
Com ego gigante, Kanye West estrela musical hip hop "espacial"
Apresentação do rapper, que vem ao Brasil em outubro, tem até dinossauros
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Uma mistureba de espetáculo musical, hip
hop, "2001: Uma Odisséia no Espaço" e narcisismo.
Assim é feito o show "Glow in
the Dark", que Kanye West
apresentou anteontem à noite
no Madison Square Garden, em
Nova York, e que ele leva ao
Brasil em outubro.
Dono de três álbuns que conquistaram crítica e público,
West, 31 anos, é um dos principais nomes do hip hop norte-americano. Mas seria reducionismo chamá-lo apenas de rapper; West parte do hip hop, mas
passa pelo pop clássico, pelo
rock e pela eletrônica para burilar suas faixas.
Um exemplo é a música
"Stronger", de seu mais recente
disco, "Graduation" (2007). A
base é feita com um sample de
"Harder, Faster, Better, Stronger", do Daft Punk, e temperada com guitarras e clima roqueiro. Mas não foi apenas musical a influência do Daft Punk;
West tomou emprestado a estética dos shows dos franceses.
Se o Daft Punk procurava em
suas apresentações imergir o
público no conceito homem-máquina, na turnê "Glow in the
Dark West" ele se coloca como
um viajante espacial que se
perde num lugar inóspito.
A produção é monstruosa.
Cerca de 50 toneladas divididas
entre equipamentos de luz, palcos móveis e efeitos visuais.
Diferentemente do visto no
festival Lollapalooza, em Chicago, dois dias antes, em que
West ficava na frente do palco e
a banda lá atrás, no Madison
Square Garden a banda, os vocalistas de apoio e o DJ se posicionam logo à frente da platéia,
num palco que se move para cima e para baixo.
O palco maior, na parte de
trás, remete a um planeta desabitado. Atrás, um telão enorme
de uma lateral à outra; no meio
do palco, há outro telão, menor.
Na maior parte do tempo, os telões exibem imagens sincronizadas do espaço, de estrelas e
de naves espaciais.
Efeitos especiais
No início, o telão menor simula um computador chamado
Jane, que comanda a nave espacial em que está West. Jane
diz que o equipamento está
com problemas e que a nave terá de pousar num planeta desconhecido. A partir daí é construída toda a apresentação.
Para desenvolver a idéia,
West é apoiado por um monte
de efeitos e truques, como explosões, imagens em alta definição nos dois telões, uma boneca de cabelo azul e até um dinossauro enorme que "engole"
West. É sério. (Ele reaparece
em seguida, saindo de dentro
da barriga do dinossauro.)
Não há pós-modernidade ou
convergência de mídias que explique. A certa altura, há tantos
fogos e gelo seco que é como estivesse em um clipe do Billy
Idol. No final, após West passar
por vários apuros, Jane retorna
e diz que apenas ele conseguirá
levar a nave de volta à Terra. A
faixa que encerra a apresentação é "Homecoming", do último disco, que tem a participação de Chris Martin. West produziu um show naquele que é
provavelmente o único ambiente em que cabe o tamanho
de seu ego: o universo.
Tanto espaço gasto e este
texto pouco tocou na música.
Bem, a música é realmente boa.
West é dos vocalistas mais capacitados, talentoso para construir rimas que fluem com naturalidade ao lado de bases originais, que vão além do hip hop.
Durante quase todo o show,
West não conversou com o público. Falou apenas no encerramento, durante uns dez minutos, que é o "melhor rapper do
mundo" e pediu ao público que
tivesse a "mente aberta". A produção do Tim Festival, que trará West ao país, afirma que o
show virá completo ao Brasil.
Tomara. E se é impossível para
West deixar seu ego nos EUA,
que ele esqueça pelo menos o
discurso besta.
Avaliação: bom
O repórter THIAGO NEY viaja a convite da
organização do Tim Festival.
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