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Rushdie retruca "mentira" de Eagleton
FABIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
O escritor anglo-indiano
Salman Rushdie atacou o crítico inglês Terry Eagleton,
seu colega de Flip, ao falar
ontem à noite na Tenda dos
Autores, em Paraty.
Rushdie rejeitou a acusação de Eagleton de que seria
um apoiador da política neoconservadora da "guerra ao
terror" dos governos americano e britânico.
"O termo técnico para isso
é "mentira". Você [o mediador
Silio Boccanera] tem que perguntar ao Terry Eagleton
amanhã [hoje, quando o crítico fala na Flip]", afirmou.
Boccanera não citara o nome de Eagleton na pergunta.
Rushdie até brincou: "Ele está aí? Vou dizer na cara que
ele não tem coragem de me
enfrentar com sua mentira".
Em seguida, sério, afirmou: "Passei anos como presidente do PEN [entidade de
escritores] americano liderando a organização em sua
oposição às aventuras de
Bush e Cheney, para ser acusado pelo senhor Eagleton de
tomar parte da agenda neoconservadora de Bush e Cheney. Parece-me muito ofensivo, desonesto e desonroso".
A noite começara bem
mais amena, com Rushdie
chamando ao palco o filho
Milan, 11, a quem dedica "Luka e o Fogo da Vida" (Companhia das Letras), romance infanto-juvenil lançado mundialmente na Flip.
O autor contou ter feito o livro para Milan depois que o
garoto se queixou que o irmão já ganhara uma obra
["Haroun e o Mar de Histórias" foi dedicado ao primogênito do escritor] e ele, não.
IRRITAÇÃO
Aí Boccanera passou a
abordar temas como religião,
fanatismo e o período em que
Rushdie viveu escondido,
após o Irã oferecer recompensa a quem o matasse -a
"fatwa" vigorou de 1989 a
1998, quando foi retirada.
Quando Boccanera tentava fazer uma pergunta sobre
os recentes problemas no Irã,
Rushdie se irritou.
"Houve um período em
que estive interessado no Irã,
porque queriam me matar.
Mas não sou especialista em
Irã. Não estou aqui como especialista em todas as questões terríveis, mas para falar
de um livro infantil", disse,
obrigando o mediador a mudar o tema.
Mais cedo, questionado
pela Folha em entrevista coletiva, Rushdie classificou de
"terrível" e "suspeito" o comportamento do Irã na condenação à morte por apedrejamento de Sakineh Ashtiani,
por suposto adultério.
"A [escritora iraniana]
Azar Nafisi me contou que
agora estão arranjando outro
pretexto, acusando-a de ter
matado o marido. É, no mínimo, muito suspeito que esse
assassinato surja agora."
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