São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2011

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'Último Tango' simboliza o olhar libertário de Bertolucci

Filme provocou escândalo com cenas eróticas e diálogos sobre sexo

Longa foi objeto de várias interdições, gerando processos judiciais contra o diretor na Itália


DE SÃO PAULO

O clássico (e polêmico) "Último Tango em Paris" é o filme escolhido pela Coleção Folha Cinema Europeu para apresentar, no próximo domingo, a obra de um dos mais importantes cineastas italianos de todos os tempos, Bernardo Bertolucci.
Quando chamou Marlon Brando e Maria Schneider para estrelarem o filme, em 1972, Bertolucci já havia realizado alguns de seus trabalhos mais emblemáticos, como "Antes da Revolução" (1964), "O Conformista" (1970) e "A Estratégia da Aranha" (1970).
Eram discussões diretas sobre a desorientação política da Itália dos anos 1960, no primeiro caso, e, nos outros dois, sobre o assunto tabu do fascismo.
Ainda que se detenha nas intimidades de seus personagens, "Último Tango em Paris" não é um rompimento na obra, pois o que importa para Bertolucci, sempre, é menos a política e mais as interioridades de seus personagens e como estes lidam com essa política (com o mundo, em síntese).
No caso de Paul (Marlon Brando), homem corroído pela morte de sua mulher, o que lhe basta é o confinamento num apartamento vazio em Paris, onde ele e uma jovem conhecida ao acaso, Jeanne (Maria Schneider), farão sexo e conversarão sobre assuntos pouco ortodoxos durante vários dias.
Bertolucci contou com a fotografia estilizada de Vittorio Storaro, a indefectível música de Gato Barbieri e com um grande astro de Hollywood para encenar essa espécie de laboratório transgressivo sobre o drama do homem moderno.

ESCÂNDALO
Para o senso comum da época, foi difícil aceitar que um filme de arte, "de qualidade", tivesse diálogos explícitos sobre sexo falados por dois atores que, nus, quase faziam sexo em cena.
O escândalo não foi pequeno, o longa sofreu várias interdições, gerando processos judiciais contra Bertolucci na Itália.
Mas se tornou o grande símbolo de uma arte mais livre e aberta, inspiração a vários futuros cineastas e também precursor de outro polêmico clássico do cinema, "O Império dos Sentidos" (1976), do japonês Nagisa Oshima.


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