São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2001

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CRÍTICA

"A.I." é "E.T." mais "2001" com péssimo final

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Repare como os personagens de Haley Joel Osment (o menino de "O Sexto Sentido") e Jude Law não piscam em momento nenhum. São robôs. Esta é a premissa de "Inteligência Artificial", que estréia hoje no Brasil.
A origem do filme é o conto "Superbrinquedos Duram o Verão Todo" ("Supertoys Last All Summer"), de Brian Aldiss, que ganhou a atenção do diretor Stanley Kubrick (1928-1999), que desenvolveu um argumento a partir dele. Há sete anos, passou a bola para Steven Spielberg.
Para o autor de "O Iluminado" e "2001 - Uma Odisséia no Espaço", o autor de "E.T." e "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" era a pessoa ideal para colocar na tela aquele mundo do futuro em que humanos convivem com "mecas", os robôs de última geração.
No mundo de "A.I.", esses seres são uma combinação de brinquedos com imigrantes do futuro, criados para fazer o "trabalho sujo" para os humanos (os americanos do futuro?). Assim, Jude Law é Gigolo Joe, que cuida das/satisfaz mulheres problemáticas.
E Osment é o filho ideal, comprado por um marido preocupado para sua mulher. O filho de verdade do casal está em coma. O filho de mentira se revela o filho ideal. Até que o menino doente se recupera, volta para casa e boicota a presença do robô. Que é deixado pela mãe numa floresta em que os humanos largam os robôs que não querem mais, uma das melhores cenas de "A.I.".
Aí começa a jornada do que já foi chamado de uma versão moderna de Pinóquio, com a diferença de que a mentira do robozinho é sua própria existência. Se o começo, com o menino ganhando o afeto dos humanos e depois entrando em conflito com seu equivalente de carne e osso, é puro Kubrick, a fantástica floresta dos rejeitados não poderia ser mais Spielberg. Mas é no final da jornada da criaturinha em busca da fada azul que vai lhe dar vida de verdade que "A.I." se perde.
Primeiro, porque não acaba nunca. Ou acaba várias vezes, como você é levado a pensar. Segundo, porque é piegas, piegas, como se "2001" tivesse sido redirigido por Franco Zeffirelli.
O filme tem, assim, três partes. A primeira, kubrickiana, é excelente; a segunda, spielberguiana, é ótima; a final não vale os minutos que você passa sentado.

Inteligência Artificial
Artificial Intelligence: A.I.
   
Direção: Steven Spielberg
Produção: EUA, 2001
Com: Haley Joel Osment, Jude Law
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Belas Artes, Butantã, Eldorado, Tamboré e circuito



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