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CRÍTICA
"A.I." é "E.T." mais "2001" com péssimo final
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Repare como os personagens de Haley Joel Osment (o
menino de "O Sexto Sentido") e
Jude Law não piscam em momento nenhum. São robôs. Esta é a
premissa de "Inteligência Artificial", que estréia hoje no Brasil.
A origem do filme é o conto
"Superbrinquedos Duram o Verão Todo" ("Supertoys Last All
Summer"), de Brian Aldiss, que
ganhou a atenção do diretor Stanley Kubrick (1928-1999), que desenvolveu um argumento a partir
dele. Há sete anos, passou a bola
para Steven Spielberg.
Para o autor de "O Iluminado" e
"2001 - Uma Odisséia no Espaço",
o autor de "E.T." e "Contatos
Imediatos do Terceiro Grau" era a
pessoa ideal para colocar na tela
aquele mundo do futuro em que
humanos convivem com "mecas", os robôs de última geração.
No mundo de "A.I.", esses seres
são uma combinação de brinquedos com imigrantes do futuro,
criados para fazer o "trabalho sujo" para os humanos (os americanos do futuro?). Assim, Jude Law
é Gigolo Joe, que cuida das/satisfaz mulheres problemáticas.
E Osment é o filho ideal, comprado por um marido preocupado para sua mulher. O filho de
verdade do casal está em coma. O
filho de mentira se revela o filho
ideal. Até que o menino doente se
recupera, volta para casa e boicota
a presença do robô. Que é deixado
pela mãe numa floresta em que os
humanos largam os robôs que
não querem mais, uma das melhores cenas de "A.I.".
Aí começa a jornada do que já
foi chamado de uma versão moderna de Pinóquio, com a diferença de que a mentira do robozinho
é sua própria existência. Se o começo, com o menino ganhando o
afeto dos humanos e depois entrando em conflito com seu equivalente de carne e osso, é puro
Kubrick, a fantástica floresta dos
rejeitados não poderia ser mais
Spielberg. Mas é no final da jornada da criaturinha em busca da fada azul que vai lhe dar vida de verdade que "A.I." se perde.
Primeiro, porque não acaba
nunca. Ou acaba várias vezes, como você é levado a pensar. Segundo, porque é piegas, piegas, como
se "2001" tivesse sido redirigido
por Franco Zeffirelli.
O filme tem, assim, três partes.
A primeira, kubrickiana, é excelente; a segunda, spielberguiana, é
ótima; a final não vale os minutos
que você passa sentado.
Inteligência Artificial
Artificial Intelligence: A.I.
Direção: Steven Spielberg
Produção: EUA, 2001
Com: Haley Joel Osment, Jude Law
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Belas Artes, Butantã,
Eldorado, Tamboré e circuito
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