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"Caminho" abre fase paulistana de Flávio Marinho
Após 6 anos sem trazer peças a São Paulo, autor chega com "Um Caminho para Dois", "Cauby! Cauby!" e "O Manifesto"
Sucesso no Rio, dramaturgo estréia três espetáculos em SP nos próximos seis meses e prepara musicais sobre Elizeth, Tom e Vinicius
RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"São Paulo é uma praça feroz", avalia Flávio Marinho, 51.
Tanto é, na opinião do dramaturgo e diretor carioca, que ficar dois anos e meio em cartaz
no Rio com "Abalou Bangu"
não foi suficiente para que a peça chegasse à capital paulista.
"Tudo é mais caro. A gente tem
de estar montado num patrocínio bacana para poder se defender, e o resultado é sempre uma
incógnita", diz.
Tal dificuldade rendeu ao autor seis anos de jejum paulistano, desde o fim da temporada
de "Coração Brasileiro", em
2000. Agora, ele volta disposto
a enfrentar a fera com uma leva
de espetáculos no gatilho. A
ponte-aérea começa amanhã,
com a estréia de "Um Caminho
para Dois", com Luciana Braga
e Raul Gazolla, no teatro Augusta. No mês que vem, é a vez
de "Cauby! Cauby!", com Diogo
Vilela; e, em março de 2007, "O
Manifesto", com Eva Wilma.
Embora credite o tempo sem
espetáculos por aqui à falta de
patrocínio, Marinho enxerga
um elemento "muito carioca"
em "Abalou Bangu" -e o Rio,
para o autor, tem uma cultura
mais "despojada" na relação
com o teatro. Em "Um Caminho para Dois", esse despojamento vem na forma de uma
comédia romântica.
"Dizem que é um gênero menor, mas é difícil de fazer. É comédia, mas tem drama e romance." "Caminho" ainda estará em cartaz quando "Cauby!
Cauby!" estrear ali perto, no
teatro Procópio Ferreira. Será
então, espera Marinho, que o
homenageado vá finalmente
conferir se os trejeitos de Vilela
lhe parecem convincentes
-Cauby, o verdadeiro, vive hoje em São Paulo, onde canta no
Bar Brahma, às terças.
O autor ficou dois anos e
meio juntando pedaços da vida
do cantor, em pesquisa baseada
no livro "Bastidores: Cauby
Peixoto - 50 Anos da Voz e do
Mito", de Rodrigo Faour. Entraram também lembranças
pessoais da época em que dirigiu um show do intérprete, relatos de amigos e uma tarde que
passaram juntos em São Paulo.
"Uma peça sobre um homem
tão reticente tinha de ser igualmente vaga", diz. Em contraponto ao "exagero kitsch da
persona cênica de Cauby", os
diálogos são feitos de sutilezas.
"Existem, nas entrelinhas, respostas para bom entendedor.
Cauby fala de forma metafórica, oblíqua. É a Capitu da música brasileira", diz.
No aguardo das estréias, Marinho termina a tradução de "O
Manifesto", de Brian Clark,
com a qual retoma uma parceria com Eva Wilma. "Eu a dirigi
em "Love Letters" e dez anos depois escrevi "Um Dia das Mães"
para ela. Neste ano, ela me ligou
para fazermos outra peça. Senti
que essa era perfeita", conta.
Música nos palcos
A MPB ronda o dramaturgo
em dois outros musicais. O texto de "Divina Elizeth", sobre
Elizeth Cardoso, está pronto.
"A [produtora] Cinthya Graber
está há oito meses procurando
patrocínio", lamenta. O musical esbarra no desafio de encontrar duas intérpretes parecidas com a cantora, uma de 30
e outra de 50 anos, para mostrá-la interagindo consigo mesma nos camarins de dois grandes shows -um de 1964, no
Teatro Municipal (SP), e outro
de 1989, no João Caetano.
A bossa nova que Elizeth ajudou a eternizar é tema também
de "Tom & Vinicius: o Sonho de
uma Geração", sobre o qual
Marinho está debruçado e que
terá Marcelo Serrado no papel
de Jobim. A história parte de
uma série de cartas que o maestro e o poetinha trocaram nos
anos 50 e 60. "É um musical
epistolar. A Maria Lucia Rangel, filha do jornalista Lúcio
Rangel [que carrega o mérito de
ter apresentado Tom a Vinicius], tem uma correspondência inédita dos dois e resolveu
usá-la como ponto de partida
para um espetáculo", conta.
UM CAMINHO PARA DOIS
Onde: teatro Augusta (r. Augusta,
943, tel. 0/xx/11/3151-4141)
Quando: amanhã, às 21h30; sáb., às
21h; dom., às 18h; até 29/10
Quanto: R$ 40 (sex.), R$ 50 (sáb.) e R$
60 (dom.)
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