São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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"Caminho" abre fase paulistana de Flávio Marinho

Após 6 anos sem trazer peças a São Paulo, autor chega com "Um Caminho para Dois", "Cauby! Cauby!" e "O Manifesto"

Sucesso no Rio, dramaturgo estréia três espetáculos em SP nos próximos seis meses e prepara musicais sobre Elizeth, Tom e Vinicius


RAQUEL COZER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"São Paulo é uma praça feroz", avalia Flávio Marinho, 51. Tanto é, na opinião do dramaturgo e diretor carioca, que ficar dois anos e meio em cartaz no Rio com "Abalou Bangu" não foi suficiente para que a peça chegasse à capital paulista.
"Tudo é mais caro. A gente tem de estar montado num patrocínio bacana para poder se defender, e o resultado é sempre uma incógnita", diz.
Tal dificuldade rendeu ao autor seis anos de jejum paulistano, desde o fim da temporada de "Coração Brasileiro", em 2000. Agora, ele volta disposto a enfrentar a fera com uma leva de espetáculos no gatilho. A ponte-aérea começa amanhã, com a estréia de "Um Caminho para Dois", com Luciana Braga e Raul Gazolla, no teatro Augusta. No mês que vem, é a vez de "Cauby! Cauby!", com Diogo Vilela; e, em março de 2007, "O Manifesto", com Eva Wilma.
Embora credite o tempo sem espetáculos por aqui à falta de patrocínio, Marinho enxerga um elemento "muito carioca" em "Abalou Bangu" -e o Rio, para o autor, tem uma cultura mais "despojada" na relação com o teatro. Em "Um Caminho para Dois", esse despojamento vem na forma de uma comédia romântica.
"Dizem que é um gênero menor, mas é difícil de fazer. É comédia, mas tem drama e romance." "Caminho" ainda estará em cartaz quando "Cauby! Cauby!" estrear ali perto, no teatro Procópio Ferreira. Será então, espera Marinho, que o homenageado vá finalmente conferir se os trejeitos de Vilela lhe parecem convincentes -Cauby, o verdadeiro, vive hoje em São Paulo, onde canta no Bar Brahma, às terças.
O autor ficou dois anos e meio juntando pedaços da vida do cantor, em pesquisa baseada no livro "Bastidores: Cauby Peixoto - 50 Anos da Voz e do Mito", de Rodrigo Faour. Entraram também lembranças pessoais da época em que dirigiu um show do intérprete, relatos de amigos e uma tarde que passaram juntos em São Paulo.
"Uma peça sobre um homem tão reticente tinha de ser igualmente vaga", diz. Em contraponto ao "exagero kitsch da persona cênica de Cauby", os diálogos são feitos de sutilezas.
"Existem, nas entrelinhas, respostas para bom entendedor. Cauby fala de forma metafórica, oblíqua. É a Capitu da música brasileira", diz. No aguardo das estréias, Marinho termina a tradução de "O Manifesto", de Brian Clark, com a qual retoma uma parceria com Eva Wilma. "Eu a dirigi em "Love Letters" e dez anos depois escrevi "Um Dia das Mães" para ela. Neste ano, ela me ligou para fazermos outra peça. Senti que essa era perfeita", conta.

Música nos palcos
A MPB ronda o dramaturgo em dois outros musicais. O texto de "Divina Elizeth", sobre Elizeth Cardoso, está pronto. "A [produtora] Cinthya Graber está há oito meses procurando patrocínio", lamenta. O musical esbarra no desafio de encontrar duas intérpretes parecidas com a cantora, uma de 30 e outra de 50 anos, para mostrá-la interagindo consigo mesma nos camarins de dois grandes shows -um de 1964, no Teatro Municipal (SP), e outro de 1989, no João Caetano.
A bossa nova que Elizeth ajudou a eternizar é tema também de "Tom & Vinicius: o Sonho de uma Geração", sobre o qual Marinho está debruçado e que terá Marcelo Serrado no papel de Jobim. A história parte de uma série de cartas que o maestro e o poetinha trocaram nos anos 50 e 60. "É um musical epistolar. A Maria Lucia Rangel, filha do jornalista Lúcio Rangel [que carrega o mérito de ter apresentado Tom a Vinicius], tem uma correspondência inédita dos dois e resolveu usá-la como ponto de partida para um espetáculo", conta.


UM CAMINHO PARA DOIS
Onde:
teatro Augusta (r. Augusta, 943, tel. 0/xx/11/3151-4141)
Quando: amanhã, às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 18h; até 29/10
Quanto: R$ 40 (sex.), R$ 50 (sáb.) e R$ 60 (dom.)


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