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Cinema - Crítica/"A Hora do Rush 3"
Com humor incorreto, dupla de policiais faz entretenimento rápido
Em novo episódio da série, "tira" negro e "tira" asiático vão
a Paris para investigar organização criminosa chinesa
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Diante da impossibilidade de fazer uma aventura de James Bond,
George Lucas e Steven Spielberg adaptaram para o formato
de longa-metragem a estrutura
episódica dos seriados de ação
que viam na infância em "Os
Caçadores da Arca Perdida"
(1981). Desde então, o conceito
de montanha-russa, com diversos blocos de peripécias e picos
de tensão ao longo do filme, se
tornou dominante no gênero.
Indiana Jones, não por acaso,
dá as caras em uma tela de TV
em "A Hora do Rush 3". A menção ao herói-arqueólogo assinala de onde vem a matriz, mas
também funciona para sublinhar, com humor escrachado, a
diferença entre uma coisa e outra. Aqui, o terreno é o da paródia (a gêneros e subgêneros, em
especial a aventura e o policial)
e do pastiche (a ícones da cultura de massa).
O desenho da franquia já havia sido bem delineado nos dois
primeiros longas, de 1998 e de
2001. Ambos foram dirigidos
por Brett Ratner.
De volta ao universo de "A
Hora do Rush" para rodar esse
episódio, Ratner inclui no pacote a auto-referência -uma
das cenas com erros de filmagem que acompanham os créditos finais menciona o seu nome e usa sua gargalhada.
Desta vez, detetive Carter
(Chris Tucker) e inspetor Lee
(Jackie Chan) se reúnem para
investigar uma organização criminosa chinesa. A missão os leva de Los Angeles até Paris, onde localizam e depois tentam
proteger uma mulher fatal
(Noémie Lenoir) cuja sobrevivência é fundamental para a
elucidação do caso.
Além de atualizar o repertório de piadas em torno da sintonia torta entre "tira" negro e
"tira" asiático, a trama envolve
também o reaparecimento de
uma jovem do primeiro filme,
filha de embaixador (agora interpretada por Jingchu Zhang),
e a apresentação de um personagem misterioso (Hiroyuki
Sanada) que emerge do passado obscuro de Lee.
Dois atores de primeiríssimo
time brincam com as imagens
que construíram ao longo da
carreira: Max von Sydow, como
um diplomata francês, em reedição do que fez em "Minority
Report" (2002), e o também cineasta Roman Polanski, como
um policial parisiense que lembra sua breve aparição em
"Chinatown" (1974).
O deslocamento geográfico
da trama, por sua vez, fornece
mais à trama do que apenas as
paisagens de cartão-postal. Estereótipos sobre franceses e
norte-americanos são esgrimidos, com aspereza incomum,
nessa comédia de ação cujo humor politicamente incorreto
parece alertar que não tem
compromisso com nada, exceto
com a graça e com os cifrões.
A HORA DO RUSH 3
Produção: EUA, 2007
Direção: Brett Ratner
Com: Chris Tucker, Jackie Chan
Quando: em cartaz no Bristol, Butantã e circuito
Avaliação: bom
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