|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Palco do Beirut é invadido na Bahia
Visivelmente alterado, o líder do grupo, Zach Condon, estimulou público a se juntar à banda em Salvador
SÉRGIO MALBERGIER
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR
Dezenas de pessoas invadiram o palco da banda americana Beirut sexta-feira em Salvador, na primeira noite do festival de percussão Perc Pan. O líder da banda, Zach Condon, visivelmente, digamos, bêbado,
foi quem pediu para os fãs subirem ao palco do venerável teatro Casto Alves.
"Todos vocês podem ver",
disse Condon, no seu quebrado,
mas eficiente, português, enquanto gesticulava para a plateia se juntar a ele. Levou alguns segundos para as pessoas
entenderem que "ver" era na
verdade "vir". E invadirem.
O palco lotou rapidamente.
Condon e outros membros da
banda foram cercados, agarrados e beijados por adolescentes
excitados por ele. Na bagunça,
ao menos um microfone sumiu.
"Who's got the mike?", apelou o acordeonista da banda,
sucesso independente que, no
Brasil, virou hit na internet
desde a inclusão da música
"Elephant Gun" na minissérie
global "Capitu", em 2008.
Mas o ritmo do show parece
ter ido junto com o microfone
perdido. Condon ficou ainda
mais afetado após a invasão, e o
Beirut, nervoso.
Condon, um menino de 23
anos nascido no Novo México,
parecia ao mesmo tempo feliz e
triste depois da invasão. Como
a música do Beirut, alegre e melancólica, que mistura no liquidificador jovial e genial de seu
criador folk balcânico, música
cigana, mexicana, cancioneiro
francês etc.
Quando Condon encerrou o
show, antes do final, com as luzes do teatro já acesas, e saiu ziguezagueando lentamente para
os camarins, a organização prometeu um bis de duas músicas,
que só aconteceu por insistência dura dos organizadores e
clima de guerra no backstage
digno de Beirute (a cidade conflagrada, não a banda).
De volta, Beirut tocou uma
música e deixou o palco para
novo perigoso momento solo
de Condon e viola. Má ideia. Ele
mal conseguiu cantar a letra,
balançando o corpo como se
fosse cair em cada movimento
e olhando com cara de socorro
para a coxia, onde os músicos se
perguntavam "O que ele quer
que a gente faça?". O impasse
durou até que o tecladista/
trompetista foi resgatá-lo,
abraçando-o como um salva-vidas e dando tchau para quem
ainda permanecia no teatro.
Teria sido melhor se Condon
estivesse em melhores condições, mas não teria sido Beirut.
A música não atingiu o nível
que se esperava, mas o nível da
bagunça foi ótimo.
O jornalista viajou a convite da
organização do festival Perc Pan
BEIRUT
Quando: 11/9, a partir das 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, São
Paulo; tel. 0/xx/11/21987718)
Quanto: ingressos esgotados
Classificação: 12 anos
Texto Anterior: Julio e Gina Próximo Texto: Luiz Felipe Pondé: McLanche Infeliz Índice
|