São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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Palco do Beirut é invadido na Bahia

Visivelmente alterado, o líder do grupo, Zach Condon, estimulou público a se juntar à banda em Salvador

SÉRGIO MALBERGIER
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Dezenas de pessoas invadiram o palco da banda americana Beirut sexta-feira em Salvador, na primeira noite do festival de percussão Perc Pan. O líder da banda, Zach Condon, visivelmente, digamos, bêbado, foi quem pediu para os fãs subirem ao palco do venerável teatro Casto Alves.
"Todos vocês podem ver", disse Condon, no seu quebrado, mas eficiente, português, enquanto gesticulava para a plateia se juntar a ele. Levou alguns segundos para as pessoas entenderem que "ver" era na verdade "vir". E invadirem. O palco lotou rapidamente. Condon e outros membros da banda foram cercados, agarrados e beijados por adolescentes excitados por ele. Na bagunça, ao menos um microfone sumiu.
"Who's got the mike?", apelou o acordeonista da banda, sucesso independente que, no Brasil, virou hit na internet desde a inclusão da música "Elephant Gun" na minissérie global "Capitu", em 2008. Mas o ritmo do show parece ter ido junto com o microfone perdido. Condon ficou ainda mais afetado após a invasão, e o Beirut, nervoso.
Condon, um menino de 23 anos nascido no Novo México, parecia ao mesmo tempo feliz e triste depois da invasão. Como a música do Beirut, alegre e melancólica, que mistura no liquidificador jovial e genial de seu criador folk balcânico, música cigana, mexicana, cancioneiro francês etc.
Quando Condon encerrou o show, antes do final, com as luzes do teatro já acesas, e saiu ziguezagueando lentamente para os camarins, a organização prometeu um bis de duas músicas, que só aconteceu por insistência dura dos organizadores e clima de guerra no backstage digno de Beirute (a cidade conflagrada, não a banda).
De volta, Beirut tocou uma música e deixou o palco para novo perigoso momento solo de Condon e viola. Má ideia. Ele mal conseguiu cantar a letra, balançando o corpo como se fosse cair em cada movimento e olhando com cara de socorro para a coxia, onde os músicos se perguntavam "O que ele quer que a gente faça?". O impasse durou até que o tecladista/ trompetista foi resgatá-lo, abraçando-o como um salva-vidas e dando tchau para quem ainda permanecia no teatro.
Teria sido melhor se Condon estivesse em melhores condições, mas não teria sido Beirut. A música não atingiu o nível que se esperava, mas o nível da bagunça foi ótimo.


O jornalista viajou a convite da organização do festival Perc Pan

BEIRUT

Quando: 11/9, a partir das 22h
Onde: Via Funchal (r. Funchal, 65, São Paulo; tel. 0/xx/11/21987718)
Quanto: ingressos esgotados
Classificação: 12 anos




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