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MÚSICA
Gravadoras fazem ringtones e truetones antes de lançarem os discos
Downloads de celular estão na mira das gravadoras
ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
As gravadoras e as operadoras
de telefonia celular ainda divulgam números parciais, mas o tom
empolgado com que seus representantes falam sobre os downloads de ringtones e truetones
(toques de celular) deixa claro que
essa é a operação do momento.
Tão quente que a estratégia agora
é disponibilizar as músicas nesses
formatos antes mesmo de os discos chagarem nas lojas.
Foi isso o que a Trama fez com
três faixas do novo álbum de Gal
Costa, "Hoje", e deve repetir com
os lançamentos de Nação Zumbi
e Cansei de Ser Sexy. O mesmo fez
a Sony/BMG com Lulu Santos, e, a
Warner, com Maria Rita e O Rappa.
"Todos os nossos lançamentos
terão um pré-trabalho por meio
dos celulares e da internet", garante Marcelo Maia, diretor de
marketing da Warner. "Temos
um acordo com a Claro desde
maio e estamos em negociação
com outras duas operadoras para
novidades em outubro." Maia
afirma ainda não ter os números
do mercado. "Mas o resultado está sendo surpreendente", garante.
A Trama mantém uma parceria
com a Vivo, operadora que vende
2,5 milhões de ringtones por mês.
"É um segmento muito interessante para a geração de receita
complementar", diz Felipe Savone, diretor de negócios digitais da
gravadora. "A curva de crescimento de conteúdo digital chega
mais do que a dobrar de um mês
para o outro", exemplifica.
A operadora Claro, que mantém parcerias com a Sony/BMG e
Warner, contabiliza cerca de 3
milhões de músicas baixadas por
mês. "Artistas que vendem bem,
como Ivete Sangalo e Zeca Pagodinho, fazem fácil cerca de 50 mil
downloads por mês", diz Marco
Quatorze, diretor da Claro.
"O CD, quando tem uma boa
venda, chega a cem mil cópias.
Comparando na mesma ordem
de grandeza não é um valor desprezível", afirma Quatorze.
CD versus celular
Ainda que no Brasil os preços
altos dos aparelhos afastem uma
realidade que já é mais visível em
países como os EUA, a de ter um
celular que tire fotos, faça filmes e
toque música, o representante da
Claro vislumbra a substituição
dos discos pelos "mobiles".
"É um tendência mundial: que o
CD suma ou fique mais raro como meio de produção. Os artistas
não venderão álbuns, e esse é um
cenário muito apropriado para a
distribuição digital", diz ele.
Ana Bueno, gerente de novos
negócios e tecnologia da Sony/
BMG, reforça essa aposta: "[Os
downloads] são um canal novo de
receita complementar que irá
substituir o formato físico".
"Esse [canal] vem superando
nossas expectativas mais otimistas. O brasileiro está se adaptando
muito", acredita Bueno.
Levando em conta o total de
músicas baixadas em celular, que,
segundo Ricardo Gonzalez, diretor geral da CycleLogic (empresa
que presta serviço para as operadoras) foi de 9 milhões por mês
em 2004, o negócio é uma mina de
ouro, mas ainda com altos preços.
A média cobrada pelos downloads vai de R$ 2 (ringtones monofônicos) a R$ 4,50 (truetones).
Nos Estados Unidos, os truetones
custam US$ 0,99 (cerca de R$ 2).
"É caro, mas o imposto de telefonia impede baixar os preços",
diz Quatorze. "É preciso adaptar o
formato, o valor agregado é maior
do que o de um CD."
Indies
Ainda que fora das meganegociações, alguns independentes
também lucram com esse setor.
Melhor exemplo disso é o projeto
Motirô, de DJ Hum, que acumula
mais de 70 mil downloads da faixa
"Senhorita", e ainda não tem um
disco lançado.
"Estamos nos preparando para
isso, mas ainda não é uma realidade tão forte para nós", acredita Jerome Vonk, diretor executivo da
ABMI (Associação Brasileira da
Música Independente). "Quem
compra esse tipo de serviço são as
"telecom", que querem sucessos
que tocam na rádio. O negócio
deles não é música, é vender conteúdo", diz Vonk. "Nós ainda não
temos muito como concorrer, é
uma luta meio injusta."
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