São Paulo, sábado, 07 de novembro de 2009

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O discreto charme de Buñuel

Jean-Claude Carrière relembra "Meu Último Suspiro", livro de memórias de Luis Buñuel que elaborou e é reeditado

Divulgação
Catherine Deneuve e Luis Buñuel (1900-1983) nas filmagens de "Bela da Tarde" (67), longa coescrito por Jean-Claude Carrière

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

Octavio Paz dizia que o livro "Meu Último Suspiro", escrito em 1980, era o melhor "filme" de Luis Buñuel. E era mesmo. Mas não é só. Esse livro de difícil definição sobre o grande mestre do surrealismo, figura iconoclasta e iluminada que se confunde com a formação do cinema desde os anos 20 ("Um Cão Andaluz", 1929) até a década de 70 ("Esse Obscuro Objeto do Desejo", 1977), é também uma das melhores publicações sobre a sétima arte.
Só é comparável a "Hitchcock/ Truffaut - Entrevistas" (Cia. das Letras), de 1967, em que o "enfant terrible" da nouvelle vague faz uma minuciosa revisão da obra do diretor de "Psicose". Os dois livros marcaram época e viraram clássicos.
No caso de "Meu Último Suspiro", que agora ganha reedição (Cosac Naify/Mostra de Cinema de SP, 376 págs., R$ 55, trad. André Telles), o coautor é também um mestre do cinema, o roteirista francês Jean-Claude Carrière, 78, que coassinou várias obras essenciais de Buñuel (incluindo "Bela da Tarde" e "O Discreto Charme da Burguesia"), já trabalhou com Jean-Luc Godard e é parceiro do diretor Peter Brook.
Em entrevista, Carrière lembra que Buñuel não queria escrever um livro de memórias, então na moda. Para convencê-lo, escreveu um capítulo supostamente narrado pelo cineasta intitulado "Os Prazeres deste Mundo", sobre bebidas, tabaco e bares. Buñuel gostou e o resultado é um livro de cinema que não analisa nenhum filme e mostra a personalidade fascinante de um dos grandes artistas do século 20.


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