São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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CRÍTICA COMÉDIA

Série constroi delírio visual sobre psicanálise

"Afinal, o que Querem as Mulheres?" adentra mente de homem obcecado com a questão freudiana do título

BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desta vez, Luiz Fernando Carvalho não está fazendo uma adaptação. Depois de tocar em textos sagrados, como o "Dom Casmurro", de Machado de Assis, e intrincados, como "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna, o diretor partiu de uma ideia original dele mesmo para fazer "Afinal, o que Querem as Mulheres?".
A ideia foi parar nas mãos do escritor João Paulo Cuenca, que, com a ajuda da também escritora Cecilia Giannetti e do ator Michel Melamed, desenvolveu o roteiro.
E, claro, Carvalho fez o texto final do seriado em seis capítulos que contam a trajetória de André, um homem em busca do amor.
Quase como em uma anedota de inspiração psicanalítica, André está obcecado com sua tese de doutorado, na qual procura investigar a questão freudiana do título e é assim que perde o seu primeiro grande amor.
Tão obcecado que entra em delírio: quando deita no divã, seu orientador e analista (?!?) se transforma no próprio Freud. Nada é simples em se tratando de Carvalho. O roteiro vai se complicar, incluindo um duplo de André, a volta de um pai desaparecido e uma sucessão de mulheres.
Mas, ao mesmo tempo, o roteiro é quase um pretexto para que ele solte uma imaginação delirante e obcecada por deixar sua marca antirrealista na televisão. A exuberância visual e o cruzamento frenético de referências narrativas são, na verdade, a coluna vertebral de suas histórias.

REFORÇANDO CLICHÊS
Em "Afinal...", o risco dessa opção parece ser grande. Se nas adaptações isso acabava ampliando possibilidades de leitura ao texto inspirador, aqui deixam o texto tão em segundo plano que ele acaba sobrevivendo como uma coleção de frases soltas e máximas de tonalidade exagerada em torno do feminino, das impossibilidades do encontro amoroso e da perplexidade dos homens diante das mulheres.
E talvez isso acabe, justamente, reforçando os clichês em vez de revolvê-los.
A interpretação marcadamente teatral, antinaturalista, com a qual o diretor gosta de trabalhar também é um problema -se funciona bem com atores criativos, como o protagonista Michel Melamed, ou intuitivos, como Paola Oliveira, soa falso com intérpretes de menos recursos como Vera Fischer.
Mas, com maneirismos, problemas de roteiro e tudo, Carvalho continua fazendo a teledramaturgia mais intrigante e provocadora da televisão brasileira.

NA TV

Afinal, o que Querem as Mulheres?
Estreia da minissérie
QUANDO quintas, a partir de 11/ 11, às 23h25, na Globo
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom


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