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CRÍTICA COMÉDIA
Série constroi delírio visual sobre psicanálise
"Afinal, o que Querem as Mulheres?" adentra mente de homem obcecado com a questão freudiana do título
BIA ABRAMO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Desta vez, Luiz Fernando
Carvalho não está fazendo
uma adaptação. Depois de
tocar em textos sagrados, como o "Dom Casmurro", de
Machado de Assis, e intrincados, como "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna, o
diretor partiu de uma ideia
original dele mesmo para fazer "Afinal, o que Querem as
Mulheres?".
A ideia foi parar nas mãos
do escritor João Paulo Cuenca, que, com a ajuda da também escritora Cecilia Giannetti e do ator Michel Melamed, desenvolveu o roteiro.
E, claro, Carvalho fez o texto final do seriado em seis capítulos que contam a trajetória de André, um homem em
busca do amor.
Quase como em uma anedota de inspiração psicanalítica, André está obcecado
com sua tese de doutorado,
na qual procura investigar a
questão freudiana do título e
é assim que perde o seu primeiro grande amor.
Tão obcecado que entra
em delírio: quando deita no
divã, seu orientador e analista (?!?) se transforma no próprio Freud.
Nada é simples em se tratando de Carvalho. O roteiro
vai se complicar, incluindo
um duplo de André, a volta
de um pai desaparecido e
uma sucessão de mulheres.
Mas, ao mesmo tempo, o
roteiro é quase um pretexto
para que ele solte uma imaginação delirante e obcecada
por deixar sua marca antirrealista na televisão.
A exuberância visual e o
cruzamento frenético de referências narrativas são, na
verdade, a coluna vertebral
de suas histórias.
REFORÇANDO CLICHÊS
Em "Afinal...", o risco dessa opção parece ser grande.
Se nas adaptações isso
acabava ampliando possibilidades de leitura ao texto
inspirador, aqui deixam o
texto tão em segundo plano
que ele acaba sobrevivendo
como uma coleção de frases
soltas e máximas de tonalidade exagerada em torno do
feminino, das impossibilidades do encontro amoroso e
da perplexidade dos homens
diante das mulheres.
E talvez isso acabe, justamente, reforçando os clichês
em vez de revolvê-los.
A interpretação marcadamente teatral, antinaturalista, com a qual o diretor gosta
de trabalhar também é um
problema -se funciona bem
com atores criativos, como o
protagonista Michel Melamed, ou intuitivos, como
Paola Oliveira, soa falso com
intérpretes de menos recursos como Vera Fischer.
Mas, com maneirismos,
problemas de roteiro e tudo,
Carvalho continua fazendo a
teledramaturgia mais intrigante e provocadora da televisão brasileira.
NA TV
Afinal, o que Querem as
Mulheres?
Estreia da minissérie
QUANDO quintas, a partir de 11/
11, às 23h25, na Globo
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom
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