São Paulo, quinta-feira, 07 de dezembro de 2006

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Edinger mostra 30 anos em imagens

Fotógrafo ganha exposição e livro que serve de retrospectiva de sua trajetória

Imagem censurada, guardada por 31 anos, dá título ao evento; Edinger apresenta série histórica documental no Juquery


EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A cadeira de filosofia na faculdade de economia fez com que Claudio Edinger, 54, trocasse os números pela fotografia, pautado por uma obstinada busca pela compreensão acerca da criação e da convivência com o outro, marca de 30 anos de carreira. Para celebrar, é aberta hoje em São Paulo uma exposição que acompanha o lançamento do livro retrospectivo "Isso É Que É".
A obra é seu 12º livro e, em 200 fotografias, faz uma viagem pelos seus 11 livros anteriores, além de trazer imagens inéditas como a que ilustra a sobrecapa, realizada durante a parada militar de 7 de setembro em 1975, em São Paulo, em plena ditadura militar. Para além do primeiro plano com os soldados marchando, se lê num outdoor a frase "Isso É Que É". A ironia da imagem foi censurada e saiu da gaveta apenas agora, 31 anos depois.
Partes de seus ensaios, vistos em perspectiva, deixam ainda mais clara uma das marcas de Edinger: sua incrível versatilidade, que faz com que cada novo ensaio receba um tratamento técnico e estilístico único. Ao contrário de fotógrafos que costumam encaixar o mundo no seu olhar, Edinger vai na direção contrária e se reinventa a cada nova abordagem sobre o mundo visível sem, no entanto, perder o fio condutor de sua sólida linguagem. Mas fazer um livro retrospectivo (ed. DBA, R$ 149, 228 págs.) não sinalizaria um ponto final? "Não, para mim é apenas o final do primeiro tempo deste jogo. Estou excitado com a perspectiva que se anuncia para os próximos 30 anos", diz ele, enumerando seus projetos em andamento, inclusive o de um romance.
Desvendar o universo simbólico do outro é o tema que perpassa toda sua produção. "Acho fascinante a possibilidade de entrar em outras vidas, perceber como as pessoas reagem de forma tão diferente aos mesmos impulsos. Esse é o segredo. E a fotografia tem essa capacidade incrível de fazer com que as pessoas se mostrem por inteiro", conta ele.
Para realizar tal investigação acerca do humano, Edinger elegeu nos últimos 30 anos pessoas, situações, locais e cidades que surgem em suas fotografias sempre como a descoberta de algo até então não apreendido pelas pessoas. É isso que ocorre em seus ensaios-livros "Carnaval", "Rio", "Hotel Chelsea" e "Loucura", entre outros.
Este último, realizado no Hospital Psiquiátrico Juquery, é obra definitiva e histórica do fotodocumentarismo brasileiro. Por meio da proximidade e da intimidade, Edinger dá uma aula sobre como olhar o outro sem preconceitos, destituído da idéia de hierarquia social.
Louco, afinal, é quem acredita ser superior a alguém.


ISSO É QUE É
Quando:
seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 14h; até 21/12
Onde: galeria Arte 57 (r. Tatuí, 104, SP, tel. 0/xx/11/3081-9800)
Quanto: entrada franca
Lançamento: hoje, às 20h, na Arte 57


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