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Edinger mostra 30 anos em imagens
Fotógrafo ganha exposição e livro que serve de retrospectiva de sua trajetória
Imagem censurada, guardada por 31 anos, dá título ao evento; Edinger apresenta série histórica documental no Juquery
EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A cadeira de filosofia na faculdade de economia fez com
que Claudio Edinger, 54, trocasse os números pela fotografia, pautado por uma obstinada
busca pela compreensão acerca
da criação e da convivência
com o outro, marca de 30 anos
de carreira. Para celebrar, é
aberta hoje em São Paulo uma
exposição que acompanha o
lançamento do livro retrospectivo "Isso É Que É".
A obra é seu 12º livro e, em
200 fotografias, faz uma viagem pelos seus 11 livros anteriores, além de trazer imagens
inéditas como a que ilustra a
sobrecapa, realizada durante a
parada militar de 7 de setembro
em 1975, em São Paulo, em plena ditadura militar. Para além
do primeiro plano com os soldados marchando, se lê num
outdoor a frase "Isso É Que É".
A ironia da imagem foi censurada e saiu da gaveta apenas
agora, 31 anos depois.
Partes de seus ensaios, vistos
em perspectiva, deixam ainda
mais clara uma das marcas de
Edinger: sua incrível versatilidade, que faz com que cada novo ensaio receba um tratamento técnico e estilístico único. Ao
contrário de fotógrafos que
costumam encaixar o mundo
no seu olhar, Edinger vai na direção contrária e se reinventa a
cada nova abordagem sobre o
mundo visível sem, no entanto,
perder o fio condutor de sua sólida linguagem.
Mas fazer um livro retrospectivo (ed. DBA, R$ 149, 228
págs.) não sinalizaria um ponto
final? "Não, para mim é apenas
o final do primeiro tempo deste
jogo. Estou excitado com a
perspectiva que se anuncia para os próximos 30 anos", diz
ele, enumerando seus projetos
em andamento, inclusive o de
um romance.
Desvendar o universo simbólico do outro é o tema que perpassa toda sua produção. "Acho
fascinante a possibilidade de
entrar em outras vidas, perceber como as pessoas reagem de
forma tão diferente aos mesmos impulsos. Esse é o segredo.
E a fotografia tem essa capacidade incrível de fazer com que
as pessoas se mostrem por inteiro", conta ele.
Para realizar tal investigação
acerca do humano, Edinger elegeu nos últimos 30 anos pessoas, situações, locais e cidades
que surgem em suas fotografias
sempre como a descoberta de
algo até então não apreendido
pelas pessoas. É isso que ocorre
em seus ensaios-livros "Carnaval", "Rio", "Hotel Chelsea" e
"Loucura", entre outros.
Este último, realizado no
Hospital Psiquiátrico Juquery,
é obra definitiva e histórica do
fotodocumentarismo brasileiro. Por meio da proximidade e
da intimidade, Edinger dá uma
aula sobre como olhar o outro
sem preconceitos, destituído
da idéia de hierarquia social.
Louco, afinal, é quem acredita
ser superior a alguém.
ISSO É QUE É
Quando: seg. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 14h; até 21/12
Onde: galeria Arte 57 (r. Tatuí, 104, SP,
tel. 0/xx/11/3081-9800)
Quanto: entrada franca
Lançamento: hoje, às 20h, na Arte 57
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