O músico canta sobre versos do filho rapper e homenageia o pai, o sambista Oswaldo, em show no Sesc Pinheiros

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O avô do rapper Mahal, Oswaldo Melodia, era sambista. O filho de Oswaldo, Luiz Carlos, também virou músico e adotou o sobrenome do pai. Quando Luiz Melodia teve seu filho, a tradição continuou. Sem o Melodia no nome, mas buscando a influência nas letras fortes do pai, Mahal enveredou pelo hip hop. As três gerações se influenciaram e se encontram no Sesc Pinheiros, neste fim de semana, no projeto "Pais e Filhos", que já juntou Caetano e Moreno Veloso e Moraes Moreira e Davi Moraes.
No show, o pai de Luiz e avô de Mahal, Oswaldo, já falecido, aparece na voz de Luiz, em composições antigas. Luiz canta suas músicas, Mahal insere seu discurso sobre elas. Mahal declama suas letras, Luiz canta sobre elas. O projeto toma ares históricos para a família. "Pela primeira vez, vamos juntar as três gerações em um palco", diz Melodia. "É emocionante. Eu tive muita influência do meu pai, ainda que indiretamente, e vejo a influência da minha música nas coisas que o Mahal faz.
Acaba tudo sendo uma troca." Muito da intenção do "Pais e Filhos" é mostrar a influência que passa não só de pai para filho mas que volta de filho para pai. Acontece isso na casa dos Melodia? "Vejo talento no Mahal desde os 13 anos", elogia o pai. "Logo percebi a habilidade dele de escrever. Sempre digo: "Você escreve melhor que o seu pai". Admiro o que ele escreve, já é uma influência para mim.
Quero musicar uma letra dele." A noite começa com Melodia cantando as composições do pai. Na seqüência, canta uma música feita para o filho e o convida a subir ao palco. Juntos, apresentam canções de Melodia como "O Morro Não Engana", "Congênito" e "Ébano". No final, Mahal mostra suas composições, e Melodia insere musicalidade. "Quero algo descontraído, à vontade", diz Melodia. Tudo em casa.