São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008 |
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Mônica Bergamo bergamo@folhasp.com.br
Cinderela em Paris A coluna enviou a repórter Cíntia Cardoso ao baile de debutantes do Hotel de Crillon, em Paris, onde moças com manequim 40, interesse por obras de caridade e "relevância nos países de origem" -às vezes até do Brasil- bailam ao lado de Alain Delon e Bruce Willis
Mangas bufantes, valsa, babados e rendas. Um baile de debutantes é quase sempre associado a um certo ar de cafonice.
No entanto, a promoter francesa Ophélie Renouard transformou a tradição algo démodé em
um dos eventos mais concorridos do jet-set internacional. O
baile anual de debutantes do
Hotel de Crillon, em Paris, reúne, há 17 anos, mocinhas de
"boa família" para uma cerimônia de gala. A festa figura na lista da revista "Forbes" entre os
dez eventos mais importantes
da alta sociedade. As principais
grifes de alta-costura, como
Chanel, Dior, Lanvin e a joalheria Adler, emprestam vestidos,
jóias e acessórios para as debutantes. Um exército de maquiadores e de cabeleireiros prepara as jovens. A lista de convidados conta com políticos, empresários, diplomatas e milionários do showbiz. À entrada
do hotel, na Place de la Concorde, fotógrafos e curiosos se
aglomeram sob um frio de 1ºC
para ver a passagem dos famosos pelo tapete vermelho.
O glamour dos desfiles de
moda e festivais de cinema coexiste com a valsa, que ainda é o
ponto alto da festa. À meia-noite, o ator francês Alain Delon e
o americano Bruce Willis
abrem o baile com as suas respectivas filhas, Anouchka Delon, 18, com um vestido de Elie
Saab, e Scout LaRue Willis, 19,
de Christian Lacroix. Acompanhada de Ashton Kutcher, Demi Moore estava entre os 300
convidados que aplaudiam. Willis não parecia tão à vontade
com os passos de valsa. "Espero
que não tenha envergonhado a
minha filha", disse ele à coluna
depois da dança. Já Delon estava bem mais desenvolto na pista. "Ensaiamos em casa de manhã", contou Anouchka. Antes
da entrada, cada menina,
acompanhada do seu par, desfila enquanto o mestre-de-cerimônias lê um breve currículo
da debutante.
Impossível não pensar nos
bailes aristocráticos. Mas a
promoter Renouard, que divide
seu tempo entre a França e a
Inglaterra, rejeita comparações
com as festas do passado. "A
participação no baile era ligada
apenas ao nascimento. Mas,
quando recriei a festa, me baseei em outros critérios. A proposta é ter diversidade, um lado
cosmopolita que torna esse baile especial e incomparável."
Na edição de 2008, que aconteceu no dia 29, plebéias famosas e representantes da realeza
integravam a lista das 23 debutantes de 12 países. Entre as representantes da nobreza, a
princesa Anne-Hélène d'Arenberg, 18, da Bélgica, e a condessa Tatiana de Pahlen, 18, da Itália. Da nobreza do cinema, além
de Anouchka Delon e Scout LaRue Willis, estavam ainda Billie
Lourd, 16, neta da atriz Debbie
Reynolds e filha de Carrie Fisher (a princesa Léa de "Guerra
nas Estrelas") e Clémence Rochefort, filha do ator francês
Jean Rochefort. Ainda na nata
de artistas, Sokhna Ndour, 17,
filha do cantor senegalês de
world music Youssou Ndour.
As brasileiras Gemima
McMahon e Maria Tereza Frering já participaram do baile
em edições anteriores, mas,
neste ano, não houve nenhuma
brasileira. "Uma pena. Acho
importante ter representantes
dos grandes países em ascensão
como a China, a Índia, a Rússia
e o Brasil. As brasileiras são lindas e têm um grande carisma.
Gostaria muito de ter mais brasileiras, especialmente filhas
de artistas", diz Renouard. "Só
convido quem eu conheço ou
quem é recomendada a mim",
esclarece ela. "Sofro pressão e
até já quiseram me oferecer dinheiro. Mas esse é um evento
familiar. Tenho que poder contar uma história interessante
sobre as meninas. É preciso que
elas tenham alguma relevância
nos seus países de origem." Outros critérios para a seleção: ter
entre 16 e 20 anos, inglês fluente e interesse por obras de caridade; e vestir, no máximo, um
manequim 40. "É uma exigência mesmo. As grifes emprestam os vestidos da última coleção. Os modelos de alta-costura
são muito caros e não podem
ser refeitos." O look anoréxico é
barrado. "Não é a mensagem
que queremos passar."
Para as debutantes, a possibilidade de desfilar vestidos de alta-costura é um dos principais
atrativos ("adoraria que grifes
brasileiras oferecessem modelos para as nossas debutantes",
diz a promoter). Sokhna Ndour
diz que o vestido de Franck
Sorbier foi decisivo para aceitar
o convite. "É uma obra de arte,
não?". Na semana do baile, as
meninas ficam hospedadas no
Hotel de Crillon, onde têm aulas de valsa. "Queria ter essa experiência antes de ir para a faculdade. O baile é como um ritual de passagem para mim",
diz Scout Willis. No fim do baile, várias debutantes já tinham
trocado os modelos da alta-costura por outras roupas. "Não
vou ficar com o vestido, mas pelo menos fico com as fotos e
com a lembrança", diz a egípcia
Enayat Younes, 17. No fim da
festa, algumas debutantes tentavam convencer os pais a comprar as peças. |
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