São Paulo, Sábado, 08 de Janeiro de 2000


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TERRA DE CAUBÓIS
Falta de salas em cidades do interior obriga cinéfilos a se deslocarem para centros urbanos
Pecuarista viaja 8 horas para ver filme

da Reportagem Local


Foi-se o tempo em que o cinema era uma das opções de entretenimento mais baratas do país. Pelo menos para o estudante Fabrício Cesar Lopes Brizola, 18, que gasta cerca de R$ 20 para assistir a uma sessão mais próxima de sua casa.
Brizola mora em São Simão (285 km ao norte de SP), onde não existe cinema. Fã de filmes de aventura, ele enfrenta uma verdadeira maratona para assisti-los em Ribeirão Preto, que fica a 50 quilômetros de sua cidade.
Além do gasto com a gasolina, ele ainda paga pedágio para chegar, depois de meia hora, às salas de Ribeirão. Lá, desembolsa mais R$ 8 pelo ingresso. "Está ficando cada vez mais difícil. O jeito é rachar com os amigos", afirma.
Mesmo ligada ao mundo country, a pecuarista Flávia Medeiros Penachin, 39, de Presidente Prudente (558 km a oeste de São Paulo), diz "detestar" rodeios.
Na sua cidade há salas em um multiplex -voltadas para o chamado "circuitão"-, mas Penachin enfrenta seis horas e meia de carro ou até oito horas de ônibus para assistir aos seus filmes prediletos em São Paulo.
"Aproveito e acabo conciliando as viagens com outras coisas. Esperar sair em vídeo é a última opção", diz a pecuarista, que adora os filmes do cineasta espanhol Pedro Almodóvar. "Por aqui, os filmes dele não chegam", reclama.
Responsável pela área cultural e pela organização do rodeio de Barra do Chapéu, o secretário de Educação do município, Edgard Batista de Lima, 49, já não lembra mais o ano em que foi pela última vez ao cinema.
"Foi na década de 70. Vi o filme "Estrada da Vida", com Milionário e José Rico", conta Lima.
Barra do Chapéu, segundo Lima, fica a mais de 200 quilômetros do cinema mais próximo, em Sorocaba (87 km a oeste de SP). A cidade não tem videolocadoras. A mais próxima fica em Apiaí, a 28 quilômetros.
Segundo o Sindicato dos Distribuidores do RJ, São Paulo já teve quase 1.300 cinemas, nos anos 70. Mais de 800 viraram igrejas, bancos ou bingos. Hoje, o número de salas tende a crescer, nos chamados multiplex, mas apenas em grandes cidades. (DANIEL CASTRO e ROBERTO DE OLIVEIRA)

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