São Paulo, sexta, 8 de janeiro de 1999

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GASTRONOMIA
"Bíblia do vinho' elege os 100 melhores

JORGE CARRARA
Colunista da Folha

A revista norte-americana "Wine Spectator" acaba de escolher os melhores vinhos do mundo em 1998, e algumas dessas garrafas podem ser encontradas no Brasil. A Folha selecionou sete delas e indica os lugares você pode comprá-las (veja quadro nesta página).
A edição deste mês da "bíblia do vinho" nos EUA traz três rankings com os cem melhores vinhos do ano passado (50 tintos, 40 brancos e dez doces, de sobremesa) -escolhidos entre todos os que foram avaliados pela sua equipe por terem a melhor relação entre qualidade, preço e disponibilidade no mercado dos Estados Unidos.
Considerada a principal revista dos EUA na sua área, a "Wine Spectator" integra -ao lado de outras como a inglesa "Decanter" e a francesa "Revue du Vin de France"- o seleto time das melhores publicações de vinhos e destilados do planeta.
Dentre os cerca de 4.000 vinhos publicados nas suas páginas em 98, nove editores da "Wine" selecionaram os cem melhores do ano considerando, além da sua relação custo-benefício, a disponibilidade dos vinhos no território americano (este último, convenhamos, um quesito um tanto obscuro para o leitor, e que às vezes acaba deixando mal colocados vinhos com ótimo preço e qualidade).
² US$ 450 por 500 ml
No cômputo geral, os exemplares norte-americanos obtiveram o maior número de destaques (40, dos quais 36 oriundos da Califórnia, principal província vinícola do país), seguidos de perto pelos franceses, com um total de 34 vinhos, metade deles nascidos nas famosas regiões de Bordeaux e Borgonha, e a certa distância pelos italianos (com 8 tintos classificados). Os goles gauleses, porém, venceram nas três categorias.
O Château Ducru-Beaucaillou 95, um "cru" da comuna de Saint Julien, na região de Bordeaux (que, junto com outros tintos da lista, pode ser encontrado no Brasil), ganhou a medalha de ouro no departamento dos goles rubros e obteve também o titulo de "Wine of the Year", galardão conferido ao melhor vinho do ano.
Em segundo lugar, consta um peso-pesado bordalês, o famosíssimo (e habitualmente delicioso) Château Margaux, também 95, ano que brindou a região com a primeira colheita de alta qualidade desde a espetacular safra de 90, permitindo que esses tintos fantásticos voltassem a atingir todo o seu esplendor (nove dentre os 50 tintos destacados são de Bordeaux).
O bronze foi para o igualmente francês Cornas 96 (tinto de uva Syrah da região do Rhône, sudoeste do país), de Auguste Clape, um renomado produtor que modela vinhos densos, muito encorpados e concentrados.
Na ala dos brancos, a uva Chardonnay dominou completamente o pódio. O primeiro prêmio foi outorgado a um borgonha, o Chablis "Les Clos" 96, do Domaine Laroche. O segundo foi para um Chardonnay da Califórnia, o Beringer Private Reserve 96, modelado pelo "winemaker" americano Ed Sbragia, que assina também belíssimos tintos (a edição 94 do seu Beringer Private Reserve, um dos melhores Cabernet Sauvignon californianos, ganhou nota 95/100 e a 9ª posição entre os rubros). O Domaine Leflaive, também da Borgonha, completou o trio vencedor com seu Puligny-Montrachet "Clavoillon" 95.
Entre os vinhos de sobremesa, o troféu máximo foi para o Domaine des Baumard 96 (Quarts de Chaume), branco de uva Chenin Blanc dos vinhedos do Vale do Loire.
Em segundo lugar ficou um Chardonnay austríaco (Kracher Nouvelle Vague nº 13), e em terceiro, uma das decepções da seleção: o Chateau Pajzos Tokay Esszencia 93, um vinho húngaro avaliado com nota 99/100.
Afinal, tanto ele como outros vinhos na sua faixa de preço (a bagatela de US$ 450 por 500 ml) deveriam ter uma performance, no mínimo, perfeita.



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