São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gigante do ringue!
Em "Rocky Balboa", que estréia amanhã no Brasil, canastrão Sylvester Stallone ressuscita seu famoso personagem
SÉRGIO RIZZO CRÍTICO DA FOLHA Quando ele subiu pela primeira vez ao ringue, pouca gente acreditava em vitória. Mas, de um só golpe, foram à lona adversários respeitáveis como "Taxi Driver", "Todos os Homens do Presidente", "Network - Rede de Intrigas" e "Esta Terra É Minha Terra". E, então, se fez história: "Rocky, Um Lutador" ganhou, contra todos os prognósticos, o Oscar de melhor filme de 1976. Três décadas depois, seu protagonista está de volta -viúvo, um tanto maltratado pelo tempo, mas ainda com o coração mole e o bom caráter que fizeram de Sylvester Stallone o canastrão preferido de quem cresceu enquanto se prolongava, em quatro continuações, de 1979 a 1990, a lenda do touro indomável de Filadélfia. "Rocky Balboa", o sexto capítulo, foi planejado para ser o último -embora aposentadoria seja uma palavra proibida para o ex-campeão. Durante a primeira parte do filme, que Stallone também escreveu e dirigiu, o personagem parece conformado à rotina de dono de restaurante, entretendo os clientes com repetidas histórias de suas lutas. Enquanto procura se aproximar do filho (Milo Ventimiglia), ele distribui gentileza e caridade por quem passa à sua frente. E, quando não está trabalhando, pode ser visto diante do túmulo de Adrian (Talia Shire), o grande amor de sua vida. Stallone revive Rocky com a tranqüilidade de quem já se considera imune a sátiras e incorpora um valor fundamental do "star system", o da associação entre astro e personagem. A técnica rudimentar do ator empresta ao ex-boxeador um jeitão brucutu, cafona e desajeitado, que torna difícil querer mal ao personagem. Humor involuntário "A única coisa que tenho é o que ficou para trás", lamenta ele. "Assim é a vida." Pérolas de sabedoria das ruas e dos ringues em alguém que, segundo a mulher (Geraldine Hughes) de quem ele procura se aproximar, "vai provar que a última coisa que se perde é o coração". Em outra cena, a mesma personagem lhe diz que o pai de seu filho adolescente era da Jamaica. "Ah, europeu", observa Rocky -e ele não está brincando. O espírito de autoparódia embutido no personagem sugere que as piadas feitas pela revista "Mad" a respeito dele agora já tenham se integrado a seus traços. Quanto pior, melhor -essa é a regra que torna toda a série quase um objeto de culto. O conjunto não funciona, porém, sem as cenas de luta. Stallone resolve esse problema com uma premissa que representa outra peça de humor involuntário: angustiado com o vazio em sua vida, Rocky suplica uma nova licença para entrar no ringue e aceita protagonizar um desafio contra o atual campeão (Antonio Tarver). A partir daí, ouvem-se novamente os acordes do popular tema musical de Bill Conti, hoje transformado em espécie de hino internacional do boxe, e as ruas de Filadélfia assistem outra vez ao obstinado treinamento de um de seus filhos mais queridos, desta vez acompanhado pelo vira-lata Punchy. Rocky Balboa voltou para provar que a sua história só acaba quando termina -e os respeitáveis US$ 70 milhões de bilheteria nos EUA, até o último final de semana, demonstram que muita gente estava sentindo a sua falta. Texto Anterior: Horário nobre na TV Aberta Próximo Texto: Stallone enfrenta campeão de verdade Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |