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Herdeiros se unem para gerir imagem de Carmen
Família quer avaliar todos os projetos, mas diz não ter "intenção de complicar nada"
Direitos audiovisuais sobre a vida da cantora pertencem a Paula Lavigne, que pede ressarcimento e novo contrato para fazer filme
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A morte da mãe, a cantora
Aurora Miranda, em dezembro
de 2005, levou a psicanalista
Maria Paula Richaid a uma, segundo diz, "tomada de consciência" da importância da
imagem de sua tia Carmen.
Em maio do ano passado, ela
e os outros três herdeiros oficializaram a criação da Carmen
Miranda Administração e Licenciamento, trazendo para as
mãos da família o que estava
com um escritório especializado havia dez anos. "Vão vir
muitas mudanças", avisa Maria
Paula, 59, diretora da empresa.
De acordo com seu relato, já
estão vindo, ainda que ela prefira não dar nomes de projetos.
Um deles foi vetado às vésperas
de acontecer, pois os responsáveis não tinham consultado a
família. Outros foram realizados sem autorização e estão
sendo notificados.
"Queremos que as coisas comecem do começo, que falem
com a gente", diz Carminha
Miranda, 72, que representa na
sociedade sua mãe, Cecília, 95,
única irmã viva de Carmen.
As primas não negam que um
dos objetivos da nova empresa
é aumentar a receita dos herdeiros -além delas, há Gabriel,
irmão de Maria Paula, e Suely,
filha adotiva de Mário, outro irmão de Carmen. Mas garantem
que terão bom senso. Maria
Paula diz que se por um lado
acabou de fechar um bom contrato de uso da imagem de Carmen em publicidade, por outro
está encantada com um projeto
cujo autor tem poucos recursos. "Não temos intenção de
complicar nada, queremos estimular os projetos. Mas é preciso ter uma ordem, regras", afirma ela, que pensa em ouvir especialistas para avaliar, por
exemplo, roteiros de filmes.
Pendenga judicial
Roteiros envolvendo Carmen, por enquanto, só de ficção. Os direitos audiovisuais
sobre a vida da cantora foram
comprados por Paula Lavigne
em 1998, e uma pendenga judicial se arrasta desde então.
A produtora pagou US$ 20
mil de sinal, mas a Copyrights
Consultoria, que representava
os herdeiros, entrou na Justiça
para rescindir o contrato. Paula
depositou os US$ 180 mil restantes em juízo, ganhou os recursos e a causa.
Segundo a advogada Silvia
Gandelman, da Copyrights,
desde 2006 Paula está livre para iniciar a produção. Só que,
agora, a dona da Natasha Filmes quer duas coisas. A primeira é o ressarcimento do que
gastou no processo. "R$ 400
mil. É isso o que eu quero de
volta, e eu vou ter", afirma.
A segunda é que o contrato
seja refeito, para lhe dar mais
"segurança". "Vou fazer o filme
assim que a família me der garantias de que eu posso começar uma produção tão grande e
que não vou ter problemas", diz
ela, que planeja um longa e uma
minissérie.
Maria Paula e Carminha
mostram interesse em ver uma
solução negociada para o caso,
mas preferem não fazer muitos
comentários. Até 2025, quando
se completarão 70 anos da
morte de Carmen e os direitos
cairão em domínio público, os
herdeiros poderão ganhar royalties sobre o que se refere à
cantora.
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