São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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Casa da poeta em MG está à venda por R$ 3,8 mi

DE SÃO PAULO

Um dos vestígios mais vistosos da passagem de Elizabeth Bishop pelo Brasil, a "Casa Mariana", em Ouro Preto (MG), onde ela passou os últimos anos de seu período no país, foi colocada à venda pelos atuais proprietários, a família Nemer.
O braço imobiliário da casa de leilões Sotheby's foi contratada para negociá-la.
Com cinco quartos, 8.000 m2 de terreno e 513 m2 de área útil e parte do mobiliário dos tempos de Bishop, a propriedade é oferecida por R$ 3,8 milhões, mas o artista plástico José Alberto Nemer, dono com a irmã Linda, diz não saber de nenhuma proposta.
A Sotheby's informou que recebeu ofertas, mas não quis divulgá-las.
Bishop comprou o imóvel em 1965, quando seu romance com Lota de Macedo Soares já estava desgastado, em boa medida pelo mergulho obcecado da companheira ao liderar o projeto da criação do aterro e do parque do Flamengo. Batizou-a de "Casa Mariana", homenagem à poeta e inspiradora Marianne Moore (1887-1972).
Dois anos mais tarde, Lota morreu, depois de uma overdose de tranquilizantes.
Em 1968, Bishop concluiu uma reforma no casarão (do século 18) e passou a viver lá, mas já viajava com mais frequência aos EUA, onde voltaria a lecionar e, em 1974, a morar novamente.
Para alguém com passado tão desditoso e desgarrado -o pai morreu quando ela tinha oito meses, a mãe foi internada num hospício quando tinha 5 anos, e ela foi então criada por avós no Canadá-, a compra de uma propriedade que ela mesma escolheu foi algo caro a Bishop.
"Elizabeth considerava a casa como a única que teve", diz José Alberto Nemer, que foi amigo da escritora. A família comprou a casa em 1982 de Alice Methfessel, amante e herdeira de Bishop.
Segundo Nemer, a família resolveu vender o imóvel estimulada por canadenses e americanos da comissão do centenário da poeta, para quem a data poderia sensibilizar o capital norte-americano -Estado, universidades ou empresas- a transformar o local em centro de estudos.
Nemer diz que vai priorizar ofertas com esse fim, dada a importância do período brasileiro para a obra da autora.
"Viver no Brasil foi provavelmente a maior experiência da vida de Bishop, a libertou da política literária de Nova York e lhe deu uma nova visão sobre sua infância. Ela escreveu maravilhosos novos poemas sobre sua vida no Brasil e lindos contos sobre sua infância na Nova Escócia [Canadá]", situa o poeta Lloyd Schwartz. (FV)


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