São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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Oiticica lidera lista dos artistas mais expostos da década

Depois dele, nomes que se contrapõem ao neoconcreto foram os mais vistos de 2001 a 2010, segundo estudo do Itaú Cultural

Cildo Meireles e Regina Silveira são segundo e terceiro lugares em levantamento de 7.010 exposições compiladas

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Na primeira década do século 21, artistas que se contrapõem aos neoconcretos Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Clark (1920-1988) foram os que tiveram maior visibilidade no Brasil.
A conclusão é de Tadeu Chiarelli, diretor do Museu do Museu de Arte Contemporânea da USP, a partir de um levantamento de 7.010 exposições compiladas pelo Itaú Cultural entre 2001 e 2010.
A partir de seu banco de dados, o Itaú Cultural gerou listas dos artistas mais vistos na última década e das instituições e dos curadores que mais organizaram mostras.
"Esse banco de dados existe há 24 anos e nós mesmos vamos atrás das informações das mostras, seja em jornais, catálogos ou por correspondência", diz Selma Cristina da Silva, gerente do Centro de Documentação e Referência do Itaú.
É a primeira vez que a instituição faz tal compilação. "Essa é uma forma de contribuir para uma reflexão sobre a cena das artes visuais. No fim do ano, vamos organizar uma mostra em sentido inverso, que pense o que deve vir na próxima década", conta Eduardo Saron, superintendente da instituição.
No total, o Itaú tem registradas cerca de 30 mil exposições de arte brasileira ou ligada ao Brasil, desde algumas realizadas no século 18, em Paris. Esses dados alimentam a Enciclopédia de Artes Visuais na internet.
"Nossa pretensão é ter registro de todas as mostras, mas, quanto mais distante, mais difícil é a compilação", explica Tânia Rodrigues, gerente das enciclopédias virtuais do Itaú.
A instituição ainda reúne dados de arte e tecnologia, literatura, teatro e super-8. "Em breve, todas estarão reunidas", diz Saron.

IRÔNICOS
A pedido da Folha, Chiarelli, que ficou na quarta posição como curador que mais organizou exposições, analisou os dados.
"Primeiro, acho importante dizer que, com essas informações, podemos entender melhor o que se passa aqui e muitos pesquisadores vão ter material importante para análise", diz o diretor do museu universitário, que neste ano deve inaugurar sua nova sede no Ibirapuera.
Ter Oiticica como artista que obteve mais visibilidade na década passada significa, segundo Chiarelli, "um esforço coletivo para mostrar suas obras a partir do reconhecimento delas no exterior". Já a sétima posição de Clark "talvez reflita as dificuldades em expor suas obras", diz o curador.
A enciclopédia virtual do Itaú não apresenta obras de Clark ou Oiticica por dificuldades com os herdeiros. O mesmo não acontece com os demais artistas mais vistos.
São esses outros artistas, aliás, que, segundo Chiarelli, indicam a superação das propostas de Oiticica e Clark -exceção feita a Amilcar de Castro (1920-2002).
"Ambos tinham uma visão romântica e libertária do artista, como se não existisse o circuito da arte. Já nomes como Cildo Meireles, Nelson Leirner e Regina Silveira são mais irônicos e geram suas poéticas sem negar as instituições." Mesmo assim, não deixa de ser notável que os dez mais vistos sejam artistas vinculados à arte conceitual.


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