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TELEVISÃO
Lillian Witte Fibe se diverte na nova redação
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Numa redação dotada de todos
os recursos, lá está ela quase tão
feliz como antes, falando de inflação e tanto dinheiro malgasto. Já
recuperou até o desdém com que
registrava o desmanchar de fortunas e o desmoronar de bancos. Há
quem, com sua carinha bonita,
lance ao mar milhares de navios.
Lillian Witte Fibe pode se vangloriar de ter visto quase todas as inflações e ter adorado todas elas.
O FMI, por exemplo, não deixa
de ser uma espécie de champanhe.
Faz-lhes cosquinhas no nariz. "O
comando completo do FMI não
conta tudo. Vem alto e grande desemprego." Ela fala como se estivesse saboreando preciosas delícias que retirasse de uma caixa.
Estala os lábios e acrescenta: "Pedro Malan disse que não permitirá aquela inflação". Seu sorriso
oblíquo quase comenta: "Veremos". Serão 70% ao ano.
É a hora dos crédulos que viajaram em dólar e que terão agora
que pagar as prestações. Lillian
Witte Fibe parece que está num
velório e precisa conter o riso. O
divertido é que ninguém fala mal
de FHC, que nunca sugeriu qualquer possibilidade de tanta tempestade.
Enquanto isso, Fidel Castro se
diverte mais que Witte Fibe. "Cuba teve a sorte de nunca fazer
acordo com o FMI. FMI mata",
garante ele. Já o boi, a novidade
ainda bem-humorada é da dona
do jornal, fica mais caro quando
dólar sobe. O pasto está cheio de
bois gordos e alguns Fagundes.
Todos eles muito mais ricos.
A superâncora do jornal das dez
já se divertiu à grande com o Pedro Malan e outros bem menos
chiques envolvidos com os terríveis apuros do Plano Real. Mas,
como tem gente suando frio com
um desemprego repentino, aparece a Regina Casé fazendo campanha da camisinha para evitar a
Aids na folia. Ela não sabe de nada. Carnaval é uma coisa. Muvuca é outra. Evoé, Baco?
Pedro Malan -tanta tempestade, tanta ventania e ele impecável. Na realidade, o Pedro Malan
estava precisando de uma guerra,
não de uma inflação, para adquirir o status de elegância heróica
de um Anthony Eden.
Mas o Pedro Malan -fala Lillian Witte Fibe- disse que é preciso um Banco Central mais forte,
com mandatos fixos e uma quarentena para dirigentes. Eles
aprendem. Ficam sabendo das
coisas e vão logo usar tudo em benefício próprio. Viva -outra vez
e sempre- o Pedro Malan.
E o FHC não precisa ficar triste.
Com quatro já se tem uma mesa
de bridge. E vinho chileno é bom
para emagrecer. Finalmente explicou-se a que veio. Lillian odeia
amenidades. Principalmente
quando o mundo está acabando.
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