São Paulo, segunda, 8 de fevereiro de 1999

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TELEVISÃO

Lillian Witte Fibe se diverte na nova redação

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Numa redação dotada de todos os recursos, lá está ela quase tão feliz como antes, falando de inflação e tanto dinheiro malgasto. Já recuperou até o desdém com que registrava o desmanchar de fortunas e o desmoronar de bancos. Há quem, com sua carinha bonita, lance ao mar milhares de navios. Lillian Witte Fibe pode se vangloriar de ter visto quase todas as inflações e ter adorado todas elas.
O FMI, por exemplo, não deixa de ser uma espécie de champanhe. Faz-lhes cosquinhas no nariz. "O comando completo do FMI não conta tudo. Vem alto e grande desemprego." Ela fala como se estivesse saboreando preciosas delícias que retirasse de uma caixa. Estala os lábios e acrescenta: "Pedro Malan disse que não permitirá aquela inflação". Seu sorriso oblíquo quase comenta: "Veremos". Serão 70% ao ano.
É a hora dos crédulos que viajaram em dólar e que terão agora que pagar as prestações. Lillian Witte Fibe parece que está num velório e precisa conter o riso. O divertido é que ninguém fala mal de FHC, que nunca sugeriu qualquer possibilidade de tanta tempestade.
Enquanto isso, Fidel Castro se diverte mais que Witte Fibe. "Cuba teve a sorte de nunca fazer acordo com o FMI. FMI mata", garante ele. Já o boi, a novidade ainda bem-humorada é da dona do jornal, fica mais caro quando dólar sobe. O pasto está cheio de bois gordos e alguns Fagundes. Todos eles muito mais ricos.
A superâncora do jornal das dez já se divertiu à grande com o Pedro Malan e outros bem menos chiques envolvidos com os terríveis apuros do Plano Real. Mas, como tem gente suando frio com um desemprego repentino, aparece a Regina Casé fazendo campanha da camisinha para evitar a Aids na folia. Ela não sabe de nada. Carnaval é uma coisa. Muvuca é outra. Evoé, Baco?
Pedro Malan -tanta tempestade, tanta ventania e ele impecável. Na realidade, o Pedro Malan estava precisando de uma guerra, não de uma inflação, para adquirir o status de elegância heróica de um Anthony Eden.
Mas o Pedro Malan -fala Lillian Witte Fibe- disse que é preciso um Banco Central mais forte, com mandatos fixos e uma quarentena para dirigentes. Eles aprendem. Ficam sabendo das coisas e vão logo usar tudo em benefício próprio. Viva -outra vez e sempre- o Pedro Malan.
E o FHC não precisa ficar triste. Com quatro já se tem uma mesa de bridge. E vinho chileno é bom para emagrecer. Finalmente explicou-se a que veio. Lillian odeia amenidades. Principalmente quando o mundo está acabando.



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