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500 ANOS
Mostra em Lisboa recupera lembranças e visões do descobrimento
Brasil português
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
As comemorações dos 500 anos
do Descobrimento
começam hoje em
Portugal, que inaugura, com a presença dos presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e de
Portugal, Jorge Sampaio, a mostra "A Construção do Brasil 1500-1825".
A exposição tem curadoria dos
professores portugueses Joaquim
Romero de Magalhães e Tiago
Reis Miranda e acontece na Galeria de Pintura do Rei d. Luís, no
Palácio da Ajuda, em Lisboa.
Dividida em sete módulos, reúne desde mapas e documentos sobre as primeiras impressões a respeito da nova terra descoberta até
retratos da corte realizados quando o Brasil ainda era a principal
colônia portuguesa (até 1825, ano
em que Portugal reconheceu a Independência do Brasil, proclamada em 1822).
O ano de 1825 é considerado pela organização do evento como o
limite final do período privilegiado pela mostra. Isso pode parecer
lusocentrismo, reiterado pelo fato
de a "construção do país" estar
delimitada entre o Descobrimento e a Independência, mas o curador Joaquim Romero de Magalhães nega qualquer intenção nacionalista. "A data de 1825 foi escolhida apenas para incluirmos o
"Tratado de Reconhecimento da
Independência da Brasil", que é o
documento jurídico que colocou
um ponto final na discussão. Mas
nós, historiadores, também consideramos o ano de Independência como 1822", disse à Folha.
A mostra exibe cerca de 300
obras de arte (pinturas, esculturas, desenhos e gravuras), objetos
utilitários (tigelas, castiçais, estribos, etc.), móveis, mapas e documentos históricos provenientes
de cerca de 60 coleções públicas e
privadas brasileiras, portuguesas
e de outros países europeus.
A ênfase não está na produção
artística, mas nos registros históricos do período.
Do Brasil, um grande cedente é
a Fundação Museu Carlos Costa
Pinto, de Salvador, que emprestou 13 peças de seu acervo.
Entre as coleções privadas, a de
Beatriz e Mário Pimenta Camargo foi a que cedeu mais obras (oito), entre elas um florão (ornamento de forma circular colocado
geralmente em tetos de capelas e
igrejas) do século 18, de autoria de
Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814).
O escultor barroco comparece
ainda com uma imagem de Nossa
Senhora das Dores, pertencente
ao acervo do Museu de Arte Sacra
de São Paulo.
Entre os acervos estrangeiros, a
Biblioteca Nacional da França cedeu a iluminura "Atlas Miller",
que traz uma representação de
um mapa do Brasil. O museu holandês Boijmans van Beuningen,
de Roterdã, emprestou um trabalho de Frans Post.
A mostra acompanha os desenvolvimentos sociopolítico e econômico do país. Parte das primeiras impressões deixadas nos colonizadores portugueses passa por
ciclos econômicos como o do
açúcar e do ouro, aborda a configuração do território nacional e
termina com a formação da identidade do país.
Ela faz parte do ciclo "Brasil,
Brasis: Cousas Notáveis e Espantosas", que contará com outras
duas exposições: "Olhares Modernistas", no Museu do Chiado,
a partir de 28 de abril, e "O Jardim
do Éden", no refeitório do Mosteiro dos Jerônimos (a partir de 18
de janeiro de 2001).
A primeira tratará da produção
artística brasileira a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. A
segunda abordará a flora, fauna e
características geológicas do país
na época do Descobrimento.
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