São Paulo, quarta-feira, 08 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

500 ANOS
Mostra em Lisboa recupera lembranças e visões do descobrimento
Brasil português

CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local


As comemorações dos 500 anos do Descobrimento começam hoje em Portugal, que inaugura, com a presença dos presidentes do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, e de Portugal, Jorge Sampaio, a mostra "A Construção do Brasil 1500-1825".
A exposição tem curadoria dos professores portugueses Joaquim Romero de Magalhães e Tiago Reis Miranda e acontece na Galeria de Pintura do Rei d. Luís, no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
Dividida em sete módulos, reúne desde mapas e documentos sobre as primeiras impressões a respeito da nova terra descoberta até retratos da corte realizados quando o Brasil ainda era a principal colônia portuguesa (até 1825, ano em que Portugal reconheceu a Independência do Brasil, proclamada em 1822).
O ano de 1825 é considerado pela organização do evento como o limite final do período privilegiado pela mostra. Isso pode parecer lusocentrismo, reiterado pelo fato de a "construção do país" estar delimitada entre o Descobrimento e a Independência, mas o curador Joaquim Romero de Magalhães nega qualquer intenção nacionalista. "A data de 1825 foi escolhida apenas para incluirmos o "Tratado de Reconhecimento da Independência da Brasil", que é o documento jurídico que colocou um ponto final na discussão. Mas nós, historiadores, também consideramos o ano de Independência como 1822", disse à Folha.
A mostra exibe cerca de 300 obras de arte (pinturas, esculturas, desenhos e gravuras), objetos utilitários (tigelas, castiçais, estribos, etc.), móveis, mapas e documentos históricos provenientes de cerca de 60 coleções públicas e privadas brasileiras, portuguesas e de outros países europeus.
A ênfase não está na produção artística, mas nos registros históricos do período.
Do Brasil, um grande cedente é a Fundação Museu Carlos Costa Pinto, de Salvador, que emprestou 13 peças de seu acervo.
Entre as coleções privadas, a de Beatriz e Mário Pimenta Camargo foi a que cedeu mais obras (oito), entre elas um florão (ornamento de forma circular colocado geralmente em tetos de capelas e igrejas) do século 18, de autoria de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814).
O escultor barroco comparece ainda com uma imagem de Nossa Senhora das Dores, pertencente ao acervo do Museu de Arte Sacra de São Paulo.
Entre os acervos estrangeiros, a Biblioteca Nacional da França cedeu a iluminura "Atlas Miller", que traz uma representação de um mapa do Brasil. O museu holandês Boijmans van Beuningen, de Roterdã, emprestou um trabalho de Frans Post.
A mostra acompanha os desenvolvimentos sociopolítico e econômico do país. Parte das primeiras impressões deixadas nos colonizadores portugueses passa por ciclos econômicos como o do açúcar e do ouro, aborda a configuração do território nacional e termina com a formação da identidade do país.
Ela faz parte do ciclo "Brasil, Brasis: Cousas Notáveis e Espantosas", que contará com outras duas exposições: "Olhares Modernistas", no Museu do Chiado, a partir de 28 de abril, e "O Jardim do Éden", no refeitório do Mosteiro dos Jerônimos (a partir de 18 de janeiro de 2001).
A primeira tratará da produção artística brasileira a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. A segunda abordará a flora, fauna e características geológicas do país na época do Descobrimento.


Texto Anterior: Televisão: Dia Internacional da Mulher ganha programação especial
Próximo Texto: Há 500 anos, Cabral fazia as malas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.