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MÚSICA/LANÇAMENTOS
"IN THE FLESH - LIVE"
Pirotecnia perde terreno em DVD do ex-Pink Floyd
Roger Waters volta ao palco em tom mais
homogêneo
MARCELO VALLETTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os velhos -e alguns jovens- fãs brasileiros de
rock progressivo que não puderam ver o Pink Floyd, ao vivo, terão o gostinho de ouvir alguns
clássicos do grupo na voz de seu
compositor mais prolífico, o baixista e vocalista Roger Waters, 58,
que faz quatro apresentações no
país até a próxima semana
-amanhã no Rio de Janeiro, terça em Porto Alegre e em São Paulo na quinta e na sexta que vem.
Para quem não for aos shows,
serve de consolo o DVD "In the
Flesh - Live", que registra a volta
de Waters ao showbiz, após mais
de dez anos sem fazer turnês.
Gravado em Portland (EUA)
em 27 de junho de 2000, o longo
-quase três horas de duração-
show pode ser encarado como
um deleite para uns e um grande
teste de paciência para outros.
Waters, que também toca guitarra acústica, não é exatamente
um performer carismático nem
explosivo. A apresentação nem de
longe lembra uma festa, mas sim
uma espécie de celebração solene,
o que combina com as letras irônicas e soturnas do artista. Aqui, o
rock'n'roll está mesmo morto.
A cenografia e a iluminação não
causam comoção, como ocorria
em "The Wall" -o ponto mais
emocionante é quando a imagem
de Syd Barrett, o primeiro líder do
Pink Floyd, é projetada no fundo
do palco durante "Shine on You
Crazy Diamond". Não há pirotecnia ou grandes efeitos. Os aspectos teatrais são poucos e discretos,
como a encenação de uma partida
de pôquer e a "transformação" do
palco em um submarino.
A platéia, lotada, reflete o espírito do show, lento e calmo, e assiste
estática. Waters não faz música
para dançar, mas para servir de
suporte para suas letras, repletas
de comentários sociopolíticos
-aqui as legendas ajudam muito, o que não ocorrerá nos shows,
privando o público do melhor
que o músico tem a oferecer.
O repertório concentra-se no
Pink Floyd pós-"Dark Side of the
Moon". A única exceção é "Set the
Controls for the Heart of the
Sun", faixa do segundo disco da
banda. O show progride em pequenos blocos, dedicados aos discos mais famosos do Floyd: começa com "The Wall", seguido de
"The Final Cut"; retorna a "Animals", a "Wish You Were Here" e
a "Dark Side of the Moon".
Todas as versões são bastante
semelhantes às originais -apenas a duração é maior. A grande
diferença é a falta da voz de David
Gilmour, atual líder do Pink
Floyd, que aqui é substituída por
membros da banda de Waters.
Mas "In the Flesh " é um show
tão homogêneo -ou monótono- que a execução de faixas dos
malfadados discos solo de Waters
não chegam a representar um
ponto baixo. Na verdade, a banda
consegue levantar a platéia apenas em "Perfect Sense", o que demonstra que o trabalho do compositor é bastante coerente. E isso
não é coisa que se despreze.
In the Flesh - Live
Artista: Roger Waters
Lançamento: Columbia Music Video
Quanto: R$ 78
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