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Televisão/Crítica
"Tropa de Elite" é um filme ingênuo
CRÍTICO DA FOLHA
Ok, aceitemos que "Tropa
de Elite" (TC Premium,
17h30; não indicado a menores
de 16 anos) não é fascista.
Mas, em vários aspectos, é
um filme ingênuo, para usar a
terminologia cara ao pessoal da
Atlântida.
O mais claro deles é, sem dúvida, o papel de Michel Foucault nessa história, introduzido como assunto principal numa aula de uma universidade
carioca. A ideia do filme é simples: a teoria não passa de alienação, pois produzida nos gabinetes e difundida entre estudantes alienados (cada vez
mais alienados, devido aos ensinamentos). O único estudante a saber o que se passa na realidade é o jovem policial negro.
Porque ele sobe no morro, leva
tiro e tal e coisa.
Digamos que as teorias de
Foucault não se apliquem aos
criminosos do Rio de Janeiro.
Ainda assim, será preciso que
outra teoria a substitua e permita enfim compreender o que
se passa nesse território de
droga, pobreza, religião, funk,
corrupção etc. Pois por mais
que se enalteça o papel da prática, ela nunca surge do nada.
Ora, quando falou à TV, o diretor José Padilha teorizou
longamente sobre polícia e crime. Quase não falou de cinema,
que também precisa de ideias.
Uma delas: em cinema não
existe sangue, existe vermelho
(Jean-Luc Godard). Em "Tropa
de Elite" há muito mais sangue
que vermelho. Por isso é um fenômeno sociológico, nunca será um grande filme.
(INÁCIO ARAUJO)
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