Terceira edição começa hoje no Memorial da América Latina com 15 espetáculos e programação gratuita

GUSTAVO FIORATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Oito países, além do Brasil, estarão representados no Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo, que dá largada hoje à terceira edição no Memorial da América Latina, com programação gratuita. É o mesmo número de nações -e também de espetáculos; 15, no total- que o evento recebeu no ano passado.
O curador Fernando Calvozo diz que criou a mostra para promover o intercâmbio de linguagens entre países que falam espanhol e português, mas também com a intenção de suprir uma ausência: segundo ele, São Paulo ainda não tem um festival internacional de teatro que corresponda ao tamanho do cenário cultural da cidade.
"Profissionais de outros países vivem dizendo que vão para Curitiba, Porto Alegre, Rio Preto, e que nunca têm oportunidade de passar pela capital paulista", diz Calvozo, citando cidades que são sede de alguns dos principais festivais do país.
O curador tem expectativa de que o Ibero-Americano cresça, mas obteve acréscimo orçamentário do governo do Estado (que administra o Memorial) pouco expressivo em relação à edição do ano anterior. Os custos do evento subiram de R$ 150 mil para R$ 176 mil.

Sobre o gelo
A programação, ainda assim, traz escolhas que merecem atenção. A peça que representa o Uruguai, por exemplo, "Los Padres Terribles", recebeu três prêmios Florencio (espécie de Shell de Montevidéu). É uma comédia sobre estereótipos de uma família de classe média que entra em confronto quando o casamento de um filho é anunciado. Será apresentada amanhã, às 21h.
A companhia mexicana Entre Piernas é outro destaque da programação, com um texto do americano Will Eno premiado no Fringe do festival de Edimburgo, "Tom Pain - Uma Obra Baseada em Nada". O monólogo, em que um homem ri (e faz rir) de sua própria miséria, é interpretado por Gerardo Trejoluna em cima de um bloco de gelo. Está programado para quinta (dia 11), às 18h.
Do Brasil, a mostra traz "A Alma Boa de Setsuan", com Denise Fraga (hoje, às 21h30), e, ainda inédito em São Paulo, o espetáculo "A Tempestade", da Cia. Santa Estação de Teatro, baseado em obra de Shakespeare (quinta, às 21h). A programação do festival tem ainda mesas de debate com a atriz Lígia Cortez, o diretor e dramaturgo Rodolfo García Vázquez, além de uma oficina de dramaturgia coordenada por Chico de Assis.