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CRÍTICA
"Homem-Objeto" estréia com timidez
XICO SÁ
CRITICO DA FOLHA
Comédia com direção de
João Falcão e texto de Luiz
Fernando Veríssimo? Ih, essa
gente que frequenta teatro antes
de jantar aos sábados irá ao delírio. Ih, o trabalho será apenas o de
garantir tantos colchões ou botijas para guardar a fortuna do riso
embaixo.
"Homem-Objeto", ainda em
cartaz no Rio, deu as caras, em
2002, com toda essa promessa de
estouro no palco. Aí foi parar na
TV. O quadro estreou anteontem
no "Fantástico". Com a bênção do
núcleo Guel Arraes, ótimos atores
e a voz de Cid Moreira, capaz de
ler um salmo ou narrar a aventura
de animais, pré-históricos ou não,
com a dosagem de testosterona
de sempre.
De uma costela abafada qualquer fez-se uma Deborah Secco. A
anunciação da fêmea. Com esse
jeito de menina, e esse corpo de
mulher, como em "Mon Amour
Meu Bem Ma Femme", de Reginaldo Rossi. É o bom começo de
"Homem-Objeto", com rápida
queda para "Casseta & Planeta".
Então os machos selvagens atacam a pecadora e se apresentam:
Vladimir Brichta, Aramis Trindade, Bruno Garcia, Lúcio Mauro
Filho, Lázaro Ramos, Tadeu Mello, Wagner Moura, Gustavo Falcão, Edmilson Barros e Zéu Brito.
É o grande elenco, gente da peça e
reforço de primeira.
Ramos, pedagogia do oprimido,
faz logo o aluno que engambela a
mãe e a professora. A primeira
crônica de "As Mentiras que os
Homens Contam", de Veríssimo.
Coisa fina. Mas aí começa um jogral viciado de verdades de macho -único texto que vi funcionar, em jogral de escola, foi "minha terra tem palmeiras onde
canta o sabiá...", a velha "Canção
do Exílio".
Tadeu Mello, ô baixinho bom
de serviço, faz um mancebo que
arrodeia o lar de uma rapariga,
sem sucesso. Telefona, ouve a voz
da donzela Theodora, desliga. O
velho e bom suspense amoroso
que, em muitos lares, já caducou
nos tempos do bina e outros sabidos detectores.
Na outra historinha, também
fraca em qualquer boteco, um
personagem feito por Bruno Garcia, bom ator, mostra como mulher não engole narrativas sinceras. Ele perde a aliança ao trocar
um pneu. Conta tudo. A patroa
não tolera. Outra versão: diz que
estava no motel com outra. Ganha o perdão, pela sinceridade.
Além de Veríssimo, o diretor
conta ainda com a escritora
Adriana Falcão, pena decente, para tocar "Homem-Objeto". Bons
"causos" virão. A estréia deu apenas para o gasto.
Homem-Objeto
Quando: domingo, às 20h30, no
programa "Fantástico" (Globo)
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