São Paulo, sexta-feira, 08 de abril de 2005

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NAS LOJAS

MPB
FAZ UMA LOUCURA POR MIM
 
ALCIONE

Alcione já deixou há algum tempo de priorizar o samba em seu repertório. E não há nenhum crime nisso. O problema está no material com que tem substituído o gênero que a consagrou: canções românticas melosas e previsíveis, feitas por profissionais do ramo como Carlos Colla e Altay Veloso. Essas canções predominam neste maçante "ao vivo", deixando deslocada uma preciosidade como "Trocando em Miúdos" (Francis Hime/Chico Buarque), interpretada em dueto com Emílio Santiago.
POR QUE OUVIR: Alcione é uma das melhores vozes do Brasil, o que se confirma em várias faixas, em especial em sambas bons como "Razão e Nostalgia" e "Primo do Jazz". (LFV)

GRAVADORA: Indie. QUANTO: R$ 30, em média.

Rock
FADED SEASIDED GLAMOUR
  
DELAYS

Alguém já disse -ainda que este Delays mal tenha um ano de vida- que esta é a trilha sonora para subir ao céu. Também já a compararam com My Bloody Valentine, Stones Roses e Cocteaw Twins, graças às guitarras distorcidas e aos vocais andróginos de Greg Gilbert. "Faded Seaside Glamour" tem, sim, momentos etéreos em faixas com camadas de ruídos e vozes que tocam igualmente o pop perfeito de Brian Wilson e o choro imperfeito do "emo". Outras são baladinhas pobres, pontuadas por falsetes, que não voam tão alto.
POR QUE OUVIR: Passatempo bobo: coloque para tocar "Wanderlust" e "Nearer Than Heaven", que abrem o disco, e tente adivinhar se quem canta é homem ou mulher. Bem, você já sabe a resposta... (DA)

GRAVADORA: Trama. QUANTO: R$ 30, em média.

MPB
SIGNO DE AR
 
JORGE VERCILO

Jorge Vercilo é o mais bem-sucedido clone de Djavan. Mas isso não é um elogio. Embora tenha eficiência comercial, sua música soul é repetitiva. As dez faixas de "Signo de Ar" pouco diferem entre si, com letras românticas infestadas de lugares-comuns ("Paz ao mundo inteiro!/ Essa é a minha guerra!") e versos pseudopoéticos ("Não sou eu que me faço voar/ O amor é que me voa"). Sua condição de bom vendedor de discos lhe garantiu um time respeitável de músicos.
POR QUE OUVIR: Vercilo não é um produto de laboratório, acredita no que canta e tem talento para criar canções pop-chiclete (as que grudam).
(LUIZ FERNANDO VIANNA)

GRAVADORA: EMI. QUANTO: R$ 26, em média.

Rock
IN BETWEEN DREAMS
   
JACK JOHNSON

Praião, bermudas e um violão dedilhando canções de amor. A boa vibração do trio violão-baixo-bateria que leva o nome de seu líder e compositor se traduz numa surf music para os dias de marola. Em certos momentos, parece que o Coldplay vestiu uma sunga e foi para o Havaí -Johnson é de lá. A produção é de Mário Caldato Jr., que valoriza o timbre cru do acústico e acentua o balanço folk-reggae preguiçoso. Som fácil, mas de qualidade, para refrescar no calorão.
POR QUE OUVIR: A bonitinha "Sitting, Waiting, Wishing", que rola na trilha de "Como uma Onda", já pode entrar sem problemas no repertório do seu luau. (MÁRVIO DOS ANJOS)


GRAVADORA: Universal. QUANTO: R$ 39, em média.

Pop
THE BEEKEEPER
  
TORI AMOS

Há uma tempestade no horizonte da atual sociedade norte-americana, eis o que vem anunciar a cantora e pianista Tori Amos em seu nono CD. A chave do disco é a alegoria religiosa/natureba que Amos assume já a partir do título -"a apicultora"- e que continua no encarte, com desenhos hexagonais remetendo à colméia, e na organização das faixas, agrupadas em seis seções "naturais", espécies de jardins. O som continua o mesmo: lembra Suzane Vega, nos melhores momentos, e Enya, nos piores.
POR QUE OUVIR: pelas seções "The Greenhouse", que tem a linda "Parasol", e "Rock Garden". (MARCO AURÉLIO CANÔNICO)

GRAVADORA: Sony BMG. QUANTO: R$ 35, em média.

Jazz
BLUE NOTE PLAYS RAY CHARLES
    
VÁRIOS

Selo fundamental da história do jazz, a Blue Note já vem claudicando há tempos, e a coleção "Cover Series" é um desses notáveis tropicões escada abaixo. Se os novos "Blue Note Plays...", com temas de Sting e Prince, atestam a paupérie dos anteriores, eis que deste pacote emerge honrada exceção (nada de "exceção que confirma a regra"). "Blue Note Plays Ray Charles" não fará seu toca-CDs corar de vergonha musical. Até colabora para a obra de Charles: ajuda a socorrer dos escombros pop que caíram em seus ombros sua nada desprezível faceta jazzística.
POR QUE OUVIR: As faixas do saxofonista Stanley Turrentine, do vozeirudo Joe Williams (um "Hallellujah" de ouvir de joelhos) e do organista Jimmy Smith já pagam o CD. (CASSIANO ELEK MACHADO)

GRAVADORA: EMI/Blue Note. QUANTO: R$ 21, em média.

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