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POP
Conferência reúne estudiosos no Reino Unido
The Smiths polemiza como tema acadêmico
ÉRICA FRAGA
DE LONDRES
A música pop dos anos 80 chegou aos painéis de conferências
universitárias no Reino Unido.
Entre hoje e amanhã, a banda
britânica The Smiths será tema
de um simpósio na Manchester
Metropolitan University que
reunirá acadêmicos de todo o
mundo, assim como jornalistas
e músicos. O assunto foi tratado
com estardalhaço pela mídia inglesa e até causou polêmica.
Segundo Sean Campbell, professor de estudos culturais da
universidade APU Cambridge e
um dos coordenadores do evento, a música pop tem ocupado
um lugar central na vida das pessoas há cerca de 50 anos, razão
mais do que suficiente, de acordo com ele, para que seja objeto
de interesse acadêmico. "Por
que ignoramos uma parte tão
central do dia-a-dia das pessoas?", disse Campbell à Folha.
O acadêmico fala sobre o assunto já em tom defensivo depois que a notícia do simpósio
sobre os Smiths causou barulho
na mídia britânica, inclusive levantando críticas de jornais como o tablóide "Daily Mail".
O "Guardian" fez uma reportagem ouvindo vários especialistas em música que foram questionados se uma banda como os
Smiths mereceria reflexão acadêmica. A maior parte deles, como Campbell, inverte a pergunta: "Por que não?".
Campbell diz que, se é aceitável que a academia estude "literatura ruim ou cinema de má
qualidade", um seminário de algumas horas sobre uma banda
pop de alta qualidade deveria ser
visto com naturalidade.
Sobre a escolha da banda liderada pelo vocalista Morrissey
-que voltou à cena musical no
ano passado-, o especialista cita a influência que os Smiths,
que se separaram em 1987, exercem até hoje: "Nós reconhecemos que o som dos Smiths hoje
em dia está bastante no ar. Se você ouvir as novas bandas, como
Coldplay e Franz Ferdinand,
consegue reconhecer o som dos
Smiths na música deles."
O especialista em música pop
diz que a estética -de transgredir a questão de gênero, por
exemplo- e o controverso engajamento político "pedem" para serem analisados. A inovação
musical, criada pelo conflito entre as melancólicas letras de
Morrissey e o tom "jubilante",
como destaca Campbell, da guitarra de Johnny Marr, também
justificaria o foco acadêmico.
Questionado, no entanto, se a
música pop de forma geral se
apresenta de forma atraente aos
olhos dos departamentos de estudos culturais, Campbell diz
que não. "É difícil imaginar uma
conferência acadêmica sobre a
maior parte das bandas atuais.
Do ponto de vista estético e musical, elas são menos interessantes. Mas também tem a ver com
o contexto, muitas delas hoje
não estão criticamente engajadas com seu contexto, como os
Smiths estiveram", afirmou.
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