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Cota de tela abre polêmica entre exibidores e Ancine
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
A divulgação pela Ancine
(Agência Nacional do Cinema),
na terça-feira, de levantamento
parcial sobre o cumprimento da
cota de tela no ano passado provocou desconforto entre os exibidores. O motivo é o quadro que
emergiu do relatório.
A cada ano, é estipulado um número obrigatório de dias em que
os cinemas devem manter em
cartaz filmes brasileiros. Em 2004,
a cota era de 63 dias. As informações parciais mostram que apenas 9% das salas cumpriram a cota estabelecida.
O resultado anunciado pela
agência, porém, não é definitivo
-35% das 1.987 salas em funcionamento no país ainda não enviaram o relatório referente a 2004. O
prazo se esgotou em 30 de janeiro.
Quarenta e um por cento das salas que enviaram o relatório estão
em processo de averiguação, porque seus dados estão incompletos
ou contraditórios.
O percentual deve mudar depois que os números forem consolidados. Gustavo Dahl, diretor-presidente da agência, acredita
que, em um mês, todos os dados
estarão computados.
Reação
"Talvez fosse mais razoável esperar e analisar todos os relatórios", argumenta Valmir Fernandes, presidente da Abraplex (Associação Brasileira de Multiplex),
que representa 438 salas em todo
o país, que, de acordo com ele,
cumpriram a exigência.
"O resultado parcial dá a falsa
impressão que o setor não deu a
menor bola para a cota, o que não
é verdade", avalia Fernandes. "A
cota era absurdamente elevada, e
os exibidores se sacrificaram ao
extremo para cumpri-la."
Algumas associações entraram
na Justiça contra o pagamento da
multa, 5% da renda média anual
da sala multiplicada pelos dias em
que a cota não foi cumprida.
No Rio Grande do Sul, há uma
ação em vigor. "As empresas exibidoras entraram com o pedido
de liminar no final do ano passado para o efeito suspensivo da
multa", explica Ricardo Difini
Leite, da empresa GMC Cinemas,
que possui 33 salas no Estado.
Leite, que também é presidente
da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas, sustenta que a definição da
cota depende de "vontade política". E completa: "É no chutômetro e prejudica as empresas".
"O que se tem de levar em conta
é a fatia do mercado brasileiro no
ano anterior. A referência no ano
passado foi 2003, um ano exuberante", defende Dahl.
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