São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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No baile do Casseta

Folha acompanha as gravações de "Debutando pra Quebrar", quadro que comemora os 15 anos do programa humorístico e vai ao ar na terça

No quadro, cinco galãs da Globo e um convidado dançam valsa com os cassetas num grande baile de debutantes


DANIEL CASTRO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O galã Guilherme Berenguer chega eufórico. "Cadê as meninas?", pergunta. Ele está no corredor que dá acesso ao Estúdio G do Projac, a central de produção da Globo, onde logo mais será gravado um quadro comemorativo dos 15 anos do "Casseta & Planeta", o "Debutando pra Quebrar". As "meninas" pelas quais procura são os humoristas do programa.
No quadro, cinco galãs da Globo (além de Berenguer, Marcelo Farias, Henri Castelli, Iran Malfitano e Alexandre Slaviero) e um convidado (Paulo Zulu) dançam valsa com os cassetas (respectivamente, Beto Silva, Claudio Manoel, Hubert, Reinaldo, Marcelo Madureira e Hélio de la Peña). Vai ao ar nesta terça, no primeiro episódio da temporada 2007.
Na sala de caracterização, Claudio Manoel corta os poucos cabelos que possui. "Você tem pêlo no peito?", quer saber Neuma Caldas, supervisora de caracterização. "Amanhã [terça passada] a gente vai ter que cortar", sentencia. O humorista não gosta da idéia. Diz que vai consultar a mulher. A depilação, explicou, era para fazer uma paródia de Rodrigo Santoro no filme "300". "Me acham parecido com ele", brincou.
No corredor, o modelo Paulo Zulu conversa indignado com o Hélio de la Peña. Na véspera, Zulu fora jurado do quadro de dança do "Domingão do Faustão". "Ontem foi esquisito. Teve gente que achou que era pessoal", diz Zulu, referindo-se à reação, atrás das câmeras, da atriz Fernanda Vasconcelos. "Ela brigou comigo porque eu dei 9 pra ela e 10 pra Fafá de Belém. Falou comigo de um jeito que nem minha mulher fala."
Numa sala, os cassetas conferem os figurinos que usarão: longos vestidos em tons claros com anáguas de tule aramadas por baixo e sapatos mocassins. Hubert reclama que os cassetas deveriam usar salto alto. "Tinha que ser comme il faut [como deve ser, a rigor]", brinca.
A poucos metros dali, num corredor maior, onde funcionários da Globo improvisam um balcão de aeroporto para gravações de "A Grande Família", que ocupa o estúdio ao lado, seis figurantes aguardam desde as 9h. Já são quase 16h e alguns, cansados, sentam-se no chão, vestidos à black tie. Vão trabalhar de fato menos de duas horas, "interpretando" músicos de orquestra. Só irão embora pouco depois das 18h. Receberão cachê de R$ 50, cada um.

Cenário gigante
Para gravar o baile de debutantes do "Casseta", que para o telespectador durará cerca de cinco minutos, a Globo construiu um cenário gigante exclusivo, em estilo romano, bem cafona, com cortinas e rosas vermelhas e uma escada com um grande relógio no meio.
Maria Paula e os galãs são os primeiros a gravarem. Ao som de "Danúbio Azul" (ou "Delúbio Azul", segundo um casseta), ela rodopia no centro do salão, dançando com os seis galãs.
Os ensaios duram quase uma hora, mas a gravação para valer é rápida. Maria Paula acerta o texto e a marcação na primeira, mas o diretor-geral, José Lavigne, repete a gravação.
Encerrada a cena, Maria Paula corre para um canto e pede para alguém fotografá-la com a mãe, Gilka Fidalgo, que diz ter ido ao estúdio só para conferir o "début", que ela pronuncia "debiu", com beicinho.
"Foi para entrar na personagem que eu trouxe minha mãe, para me sentir mais debutante. Porque debutante sem a mãe por perto não é nada", diz Maria Paula, tirando onda com um clichê comum nos bastidores televisivos -o "entrar no personagem".
O bom humor predomina na gravação. Lavigne deu um único piti. A vítima foi um produtor de engenharia. Motivo: os fones de ouvido não funcionaram. "Você tinha que ter visto isso antes. Agora já são quase cinco horas", disse, irado, o diretor. O produtor argumentou que estava almoçando. "Estava almoçando na hora errada", rebateu Lavigne.

Valsa
Os cassetas chegam para gravar. Todos vestidos de debutantes, mas sem maquiagem de mulher. Alguém oferece uma cadeira para Hélio de la Peña. "É só se vestir de mulher que neguinho te trata diferente", diz. "Isso aqui é bom pra peidar", confere Claudio Manoel, mostrando a saia rodada. "Mas é ruim pra coçar o saco."
"Depois você tem que olhar debaixo dessas saias. Tem uns [cassetas] que usam salto dizendo que é para receber o personagem, mas não é, não", sugere Rubens Camello, um dos diretores do "Casseta".
Os seis cassetas vão com seus respectivos galãs para o centro do salão. Dançam valsa desajeitadamente. Madureira praticamente arrasta seu par, Alexandre Slaviero. "Cara, estamos pagando um puta mico", diz um galã. "Isso é tango? Festa junina?", protesta Hubert.
Cada casseta tem uma cena, com piadas "típicas" do programa. Hélio de la Peña, por exemplo, diz para Zulu, enquanto baila: "Nossa, Zulu, você dança divinamente... Dá pra sentir que você é um tremendo pé de valsa!". Zulu responde: "Não, você está enganado. Isso que você está sentindo aí não é o pé de valsa, não. É o de mesa!".
Algumas cenas são gravadas de primeira. Outras, repetidas até cinco vezes. No final, com o relógio marcando meia-noite, os cassetas saem correndo, antes que o encanto acabe. Entra em cena um enorme sapato de cristal (na verdade, de plástico). "É o sapato da Ângela Rô Rô", dispara Hélio de la Peña.
Acaba a gravação. Em minutos, cassetas e galãs já se livraram dos vestidos e smokings. Do lado de fora do estúdio, Marcelo Madureira se despede de uma repórter: "Me tira daqui! Me leva pra Record!".


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