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No baile do Casseta
Folha acompanha as gravações de "Debutando pra Quebrar", quadro que comemora os 15 anos do programa humorístico e vai ao ar na terça
No quadro, cinco galãs da Globo e um convidado dançam valsa com os cassetas num grande
baile de debutantes
DANIEL CASTRO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O galã Guilherme Berenguer
chega eufórico. "Cadê as meninas?", pergunta. Ele está no
corredor que dá acesso ao Estúdio G do Projac, a central de
produção da Globo, onde logo
mais será gravado um quadro
comemorativo dos 15 anos do
"Casseta & Planeta", o "Debutando pra Quebrar". As "meninas" pelas quais procura são os
humoristas do programa.
No quadro, cinco galãs da
Globo (além de Berenguer,
Marcelo Farias, Henri Castelli,
Iran Malfitano e Alexandre Slaviero) e um convidado (Paulo
Zulu) dançam valsa com os cassetas (respectivamente, Beto
Silva, Claudio Manoel, Hubert,
Reinaldo, Marcelo Madureira e
Hélio de la Peña). Vai ao ar nesta terça, no primeiro episódio
da temporada 2007.
Na sala de caracterização,
Claudio Manoel corta os poucos cabelos que possui. "Você
tem pêlo no peito?", quer saber
Neuma Caldas, supervisora de
caracterização. "Amanhã [terça
passada] a gente vai ter que cortar", sentencia. O humorista
não gosta da idéia. Diz que vai
consultar a mulher. A depilação, explicou, era para fazer
uma paródia de Rodrigo Santoro no filme "300". "Me acham
parecido com ele", brincou.
No corredor, o modelo Paulo
Zulu conversa indignado com o
Hélio de la Peña. Na véspera,
Zulu fora jurado do quadro de
dança do "Domingão do Faustão". "Ontem foi esquisito. Teve gente que achou que era pessoal", diz Zulu, referindo-se à
reação, atrás das câmeras, da
atriz Fernanda Vasconcelos.
"Ela brigou comigo porque eu
dei 9 pra ela e 10 pra Fafá de Belém. Falou comigo de um jeito
que nem minha mulher fala."
Numa sala, os cassetas conferem os figurinos que usarão:
longos vestidos em tons claros
com anáguas de tule aramadas
por baixo e sapatos mocassins.
Hubert reclama que os cassetas
deveriam usar salto alto. "Tinha que ser comme il faut [como deve ser, a rigor]", brinca.
A poucos metros dali, num
corredor maior, onde funcionários da Globo improvisam um
balcão de aeroporto para gravações de "A Grande Família",
que ocupa o estúdio ao lado,
seis figurantes aguardam desde
as 9h. Já são quase 16h e alguns,
cansados, sentam-se no chão,
vestidos à black tie. Vão trabalhar de fato menos de duas horas, "interpretando" músicos
de orquestra. Só irão embora
pouco depois das 18h. Receberão cachê de R$ 50, cada um.
Cenário gigante
Para gravar o baile de debutantes do "Casseta", que para o
telespectador durará cerca de
cinco minutos, a Globo construiu um cenário gigante exclusivo, em estilo romano, bem cafona, com cortinas e rosas vermelhas e uma escada com um
grande relógio no meio.
Maria Paula e os galãs são os
primeiros a gravarem. Ao som
de "Danúbio Azul" (ou "Delúbio Azul", segundo um casseta),
ela rodopia no centro do salão,
dançando com os seis galãs.
Os ensaios duram quase uma
hora, mas a gravação para valer
é rápida. Maria Paula acerta o
texto e a marcação na primeira,
mas o diretor-geral, José Lavigne, repete a gravação.
Encerrada a cena, Maria Paula corre para um canto e pede
para alguém fotografá-la com a
mãe, Gilka Fidalgo, que diz ter
ido ao estúdio só para conferir o
"début", que ela pronuncia "debiu", com beicinho.
"Foi para entrar na personagem que eu trouxe minha mãe,
para me sentir mais debutante.
Porque debutante sem a mãe
por perto não é nada", diz Maria Paula, tirando onda com um
clichê comum nos bastidores
televisivos -o "entrar no personagem".
O bom humor predomina na
gravação. Lavigne deu um único piti. A vítima foi um produtor de engenharia. Motivo: os
fones de ouvido não funcionaram. "Você tinha que ter visto
isso antes. Agora já são quase
cinco horas", disse, irado, o diretor. O produtor argumentou
que estava almoçando. "Estava
almoçando na hora errada", rebateu Lavigne.
Valsa
Os cassetas chegam para gravar. Todos vestidos de debutantes, mas sem maquiagem de
mulher. Alguém oferece uma
cadeira para Hélio de la Peña.
"É só se vestir de mulher que
neguinho te trata diferente",
diz. "Isso aqui é bom pra peidar", confere Claudio Manoel,
mostrando a saia rodada. "Mas
é ruim pra coçar o saco."
"Depois você tem que olhar
debaixo dessas saias. Tem uns
[cassetas] que usam salto dizendo que é para receber o personagem, mas não é, não", sugere Rubens Camello, um dos
diretores do "Casseta".
Os seis cassetas vão com seus
respectivos galãs para o centro
do salão. Dançam valsa desajeitadamente. Madureira praticamente arrasta seu par, Alexandre Slaviero. "Cara, estamos
pagando um puta mico", diz um
galã. "Isso é tango? Festa junina?", protesta Hubert.
Cada casseta tem uma cena,
com piadas "típicas" do programa. Hélio de la Peña, por exemplo, diz para Zulu, enquanto
baila: "Nossa, Zulu, você dança
divinamente... Dá pra sentir
que você é um tremendo pé de
valsa!". Zulu responde: "Não,
você está enganado. Isso que
você está sentindo aí não é o pé
de valsa, não. É o de mesa!".
Algumas cenas são gravadas
de primeira. Outras, repetidas
até cinco vezes. No final, com o
relógio marcando meia-noite,
os cassetas saem correndo, antes que o encanto acabe. Entra
em cena um enorme sapato de
cristal (na verdade, de plástico).
"É o sapato da Ângela Rô Rô",
dispara Hélio de la Peña.
Acaba a gravação. Em minutos, cassetas e galãs já se livraram dos vestidos e smokings.
Do lado de fora do estúdio,
Marcelo Madureira se despede
de uma repórter: "Me tira daqui! Me leva pra Record!".
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