São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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"Sexto dia de cão" de Jack Bauer é o mais polêmico

Série do herói antiterrorista tem pré-estréia hoje, às 22h, no canal pago Fox

Sexta temporada do programa em "tempo real" cria celeuma nos EUA sobre a atuação do governo atual de Bush com imigrantes


LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

James Bond da era do terror, mas com celular e GPS no lugar das mulheres e dos carrões, o agente especial Jack Bauer reaparece "diferente e familiar" hoje no Brasil, na pré-estréia da sexta temporada da série "24 Horas", a mais polêmica delas.
O sexto "dia de cão" do super-herói antiterrorista (interpretado pelo premiado ator Kiefer Sutherland) começa a ir ao ar pelo canal pago Fox às 22h deste domingo, mas o dia oficial do seriado feito em "tempo real" é terça-feira.
Na próxima terça, o primeiro episódio desta nova temporada ganhará reprise para, daí para frente e por 24 capítulos, Jack Bauer viver "o mais difícil dos dias", o mote que o perseguiu em cada uma das cinco temporadas anteriores tanto quanto o relógio digital na tela.
Diferente, familiar e polêmica. Os primeiros minutos do dia 6 de Jack Bauer mostram um agente maltrapilho, cabeludo e barbudo, recém-despejado de volta aos EUA pelos chineses, que o mantinham como prisioneiro por causa de suas ações em temporadas passadas.
Bauer foi resgatado em negociação secreta internacional suja, porque o governo americano se encontra encurralado e tentando tudo para impedir atos terroristas em áreas povoadas de grandes cidades americanas, no limiar de acontecer a cada tic-tac do reloginho nervoso que marca o passo (e a hora) do programa.
Cabelo e barba cortados, o que vai ser visto de hoje até quando essa temporada acabar é um Jack Bauer mais irracional e mais humano, por mais que isso soe antagônico. Mas, para o agente free-lance da unidade contraterrorista americana, acredite, não é.
Na trama, Jack Bauer reencontra o irmão e o pai. E se refere a ele como "dad", apesar de todas as fortes diferenças, hum, ideológicas.
O Bauer animalesco irá percorrer as estonteantes cenas de ação do seriado, com destaque para os famosos "interrogatórios" do agente feitos ao inimigo, sob o pretexto de arrancar verdades e salvar a pátria. E é exatamente isso que vem causando celeuma nos EUA desde que lá a sexta temporada teve início, em janeiro deste ano.
Uma conversa para ser detalhada quando os episódios já tiverem ido ao ar -para evitar o risco de entregar a trama-, "24 Horas" suscitou discussões por causa do seu flerte explícito ("em tempo real") com a aversão a imigrantes que tem dado o tom do governo Bush atual. O seriado mostra um campo de concentração improvisado em plena Los Angeles para deter muçulmanos por "precaução".

Tortura
Outra discussão em torno da série é que a tortura, como aprendemos com "24 Horas", é uma prática corriqueira e eficaz quando a nação está em perigo. O aperto no inimigo é tão brutal que até o reitor da principal escola militar americana sugeriu aos escritores da série, em entrevista à revista "New Yorker", para aliviarem algumas cenas, vistas por soldados a caminho do Iraque.
Fã assumido da série, o escritor Stephen King escreveu que a mensagem subliminar de "24 Horas" parece ser algo como: "Em situações extremas, podemos torturar qualquer um que quisermos. Na verdade, temos a obrigação de torturar na hora de proteger o país. U-huuuu!"
O sexto dia da sexta temporada começa às 6h da manhã. A trama é iniciada 20 meses após as 24 horas que compuseram a quinta temporada. Nos EUA, a Fox fez o dia 6 de "24 Horas" estrear exibindo os quatro primeiros episódios em dois dias seguidos. A introdução na marra do público na nova trama rendeu à série sua maior audiência. Os quatro episódios, somados, foram vistos por 33 milhões de pessoas.
A correria de "24 Horas" é tanta que os produtores do seriado andam sem tempo de começar a filmar o longa de Jack Bauer no cinema. O filme, já escrito, está com seu organograma atrasado, para cumprir a previsão de lançamento para 2008. O relógio de "24 Horas", o filme, começa a fazer um tic-tac real e nervoso na cabeça de seus criadores, tal qual na TV.


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