São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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"Achei um pouco estranho", diz francesa

GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

Quantos fãs efetivos de Supla e João Suplicy havia na platéia que assistiu aos Brothers of Brazil no último sábado, a bordo do bateau Nix Nox, em Paris? Dois? Cinco? Dez, no máximo. Por parte dos franceses, a exclamação era sempre a mesma: "Supla? Connais pas" (Supla? Não conheço). Mas, quando o show começou, todo mundo parou para ver.
Atração principal de uma festa organizada pela revista "Brazuca" (publicação voltada para a comunidade brasileira na França e Bélgica e para franceses/belgas com interesse pelo Brasil), a dupla subiu ao palco à 1h45, depois de duas horas de show com a Roda do Cavaco, e se apresentou para cerca de 250 pessoas: colaboradores e amigos da revista, funcionárias da embaixada, brasileiros saudosos e franceses curiosos.
"Vim principalmente por causa do samba, mesmo", disse Luci Moraes, 24, paulistana há dois anos em Paris. Funcionária de um restaurante mexicano, trouxe dois amigos franceses para "ensiná-los a dançar". O bar servia sem parar as batidas de coco e de maracujá, além, claro, das caipirinhas.
Jean Carlos, 22, mora em Paris para juntar dinheiro e explica que foi à festa porque "procura qualquer coisa brasileira para matar a saudade". Iria ver um show da dupla se morasse no Brasil? "Hum... Do João, talvez. Do Supla, eu acho bem difícil", disse.
Anunciados pelo Hino Nacional, Supla e João alternaram suas versões malucas para clássicos brasileiros "Rosa Morena", "Você Não Entende Nada" e "Garota de Ipanema", mas não deixaram de fora composições próprias ("Samba Around the Clock", "Bette Davis Punk Rocker" etc.) e um ou outro hit dos Ramones.
Como de hábito, João fazia pose de bom moço; Supla descascava uma banana, se jogava no público, dizia desaforos. "Where are the sisters of Brazil?", perguntava. Sorrisos na platéia.
Amiga de um dos editores da "Brazuca" (que na edição de março trazia entrevista com Marta Suplicy), a francesa Eva Bruneau, 32, falou à reportagem da Folha no fim da noite.
"Fiquei um pouco desapontada, não nego. Vim para ver música brasileira e de repente me aparecem dois caras cantando bossa-rock em inglês... Não sei, achei um pouco estranho", disse, levantando os ombros com um ar de "sinto muito". "Admiro a iniciativa da festa de querer mostrar um lado diferente do Brasil, sair dos estereótipos, mas eu não posso negar que preferi o primeiro grupo [roda de samba]. Fazer o quê? Preciso admitir que gostei mais do clichê."


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