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"Achei um pouco estranho", diz francesa
GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Quantos fãs efetivos de Supla
e João Suplicy havia na platéia
que assistiu aos Brothers of
Brazil no último sábado, a bordo do bateau Nix Nox, em Paris? Dois? Cinco? Dez, no máximo. Por parte dos franceses, a
exclamação era sempre a mesma: "Supla? Connais pas" (Supla? Não conheço). Mas, quando o show começou, todo mundo parou para ver.
Atração principal de uma festa organizada pela revista "Brazuca" (publicação voltada para
a comunidade brasileira na
França e Bélgica e para franceses/belgas com interesse pelo
Brasil), a dupla subiu ao palco à
1h45, depois de duas horas de
show com a Roda do Cavaco, e
se apresentou para cerca de
250 pessoas: colaboradores e
amigos da revista, funcionárias
da embaixada, brasileiros saudosos e franceses curiosos.
"Vim principalmente por
causa do samba, mesmo", disse
Luci Moraes, 24, paulistana há
dois anos em Paris. Funcionária de um restaurante mexicano, trouxe dois amigos franceses para "ensiná-los a dançar".
O bar servia sem parar as batidas de coco e de maracujá,
além, claro, das caipirinhas.
Jean Carlos, 22, mora em Paris para juntar dinheiro e explica que foi à festa porque "procura qualquer coisa brasileira
para matar a saudade". Iria ver
um show da dupla se morasse
no Brasil? "Hum... Do João, talvez. Do Supla, eu acho bem difícil", disse.
Anunciados pelo Hino Nacional, Supla e João alternaram
suas versões malucas para clássicos brasileiros "Rosa Morena", "Você Não Entende Nada"
e "Garota de Ipanema", mas
não deixaram de fora composições próprias ("Samba Around
the Clock", "Bette Davis Punk
Rocker" etc.) e um ou outro hit
dos Ramones.
Como de hábito, João fazia
pose de bom moço; Supla descascava uma banana, se jogava
no público, dizia desaforos.
"Where are the sisters of Brazil?", perguntava. Sorrisos na
platéia.
Amiga de um dos editores da
"Brazuca" (que na edição de
março trazia entrevista com
Marta Suplicy), a francesa Eva
Bruneau, 32, falou à reportagem da Folha no fim da noite.
"Fiquei um pouco desapontada, não nego. Vim para ver
música brasileira e de repente
me aparecem dois caras cantando bossa-rock em inglês...
Não sei, achei um pouco estranho", disse, levantando os ombros com um ar de "sinto muito". "Admiro a iniciativa da festa de querer mostrar um lado
diferente do Brasil, sair dos estereótipos, mas eu não posso
negar que preferi o primeiro
grupo [roda de samba]. Fazer o
quê? Preciso admitir que gostei
mais do clichê."
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