|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/ "O Allfabeto Enfurecido"
Exposição ressalta potência visual de Ferrari e Schendel
Ao trazer à tona semelhanças e diferenças entre artistas, mostra apresenta organização complexa dos trabalhos
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
"O
Alfabeto Enfurecido" é uma exposição provocativa.
Ela apresenta dois artistas que
formalmente possuem semelhanças: o argentino León Ferrari e a suíço-brasileira Mira
Schendel, que nasceu em 1919
na Suíça e morreu no Brasil em
1988, após 40 anos no país.
Ambos, de fato, trabalham
com letras e palavras inseridas
em suas obras, mas, se ficasse
apenas aí, essa seria apenas
uma bela exposição, já que os
dois são visualmente potentes.
Contudo, há uma ótima tese
por trás dessas semelhanças: ao
contrário dos artistas conceituais norte-americanos e europeus, que, nos anos 1960 e 1970,
usavam letras e palavras apenas pelo conteúdo, os latino-americanos iam além disso,
trabalhando com as letras também como construção visual.
Organizada por Luiz Pérez-Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA (Museu
de Arte Moderna de Nova
York), onde a exposição teve a
primeira estação, no ano passado, a mostra, assim, procura levar a produção de Ferrari e
Schendel a um novo patamar.
No catálogo da exposição,
uma coedição do MoMA e da
editora brasileira Cosac Naify,
Pérez-Oramas chega a afirmar
que os dois artistas nem sequer
deveriam estar situados dentro
do rótulo "arte conceitual".
Mas, pelo que se vê na mostra,
tal afirmação chega a ser um
tanto exagerada.
"O Alfabeto" ocupa dois pisos
inteiros da Fundação Iberê Camargo, além do hall de entrada
e de alguns dos polêmicos corredores vazios projetados por
Álvaro Siza, o que cria uma nova dinâmica na instituição, já
que esses espaços cortam as
mostras de forma drástica.
Ao longo da exposição, fica
claro que, se há semelhanças,
há diferenças fundamentais
também. Enquanto Ferrari
tem uma militância anticlerical
em suas obras, Schendel faz o
oposto. Mas o fato de ambos serem obsessivos na construção
de seus trabalhos, usando do
acúmulo uma de suas estratégias, é outro ponto de aproximação visível na mostra, o que
faz com que o formalismo da
primeira vista seja superado
pela complexidade de sua organização.
(FABIO CYPRIANO)
O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite
da Fundação Iberê Camargo
O ALFABETO ENFURECIDO:
LEÓN FERRARI E MIRA
SCHENDEL
Onde: Fundação Iberê Camargo (av.
Padre Cacique, 2.000, Porto Alegre, tel.
0/xx/51/3247-8000)
Quando: de ter. a dom., das 12h às 19h;
quin., das 12h às 21h; até 11/7
Quanto: grátis
Cotação: ótimo
Texto Anterior: Saiba mais: Crime causou impactou em obra de Iberê Próximo Texto: Ataulfo Alves é destaque da Coleção Índice
|